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gênero – deep green resistance

“Feministas radicais criticam o próprio gênero. Nós não somos reformistas – somos abolicionistas do gênero. Sem os papéis de gênero socialmente construídos que constituem a base do patriarcado, todas as pessoas seriam livres para se vestir, se comportar e amar os outros da maneira que quisessem, não importando o tipo de corpo que têm.

O patriarcado é um sistema de castas que transforma os seres humanos que nascem biologicamente macho ou fêmea em classes sociais chamadas de homens e mulheres. Pessoas do sexo masculino são transformadas em homens por meio da socialização voltada à masculinidade, que é definida por uma psicologia baseada na insensibilidade emocional e em uma dicotomia entre o eu e o outro. Esta é também a psicologia exigida aos soldados, e é por isso que não acho que você possa ser um ativista da paz sem ser feminista.

No patriarcado, a socialização feminina é um processo com o objetivo de constranger psicologicamente e diminuir as meninas – também conhecido como “aliciamento” – para criar uma classe de vítimas conformadas. A feminilidade é um conjunto de comportamentos que são, em essência, a submissão ritualizada.

Não vemos nada para comemorar ou abraçar na criação do gênero. O patriarcado é um arranjo de poder corrupto e brutal e queremos desfazê-lo para que a categoria de gênero não exista mais. Esta é também a nossa posição sobre raça e classe. As categorias não são naturais: elas só existem porque os sistemas hierárquicos de poder as cria (veja, por exemplo, o livro de Audrey Smedley Race in North America). Queremos um mundo de justiça e de igualdade, onde as condições materiais que atualmente criam raça, classe e gênero sejam para sempre superadas.

O patriarcado facilita a exploração de corpos femininos para o benefício dos homens – para a gratificação sexual do sexo masculino, por mão de obra barata e para reprodução. Para dar apenas um exemplo, há aldeias inteiras na Índia, onde todas as mulheres têm apenas um rim. Por quê? Porque seus maridos têm vendido o outro. Gênero não é um sentimento – é uma violação dos direitos humanos contra toda uma classe de pessoas, “pessoas chamadas mulheres.”

Nós não somos “transfóbicas.” Temos, no entanto, um desacordo sobre o que é o gênero. Generistas acreditam que o gênero é natural, um produto da biologia. As feministas radicais acreditam que o gênero é social, um produto da supremacia masculina. Generistas acreditam que o gênero é uma identidade, um conjunto interno de sentimentos que as pessoas podem ter. As feministas radicais acreditam que gênero é um sistema de castas, um conjunto de condições materiais em que se nasce. Generistas acreditam que o gênero é um binário. As feministas radicais acreditam que gênero é uma hierarquia, com os homens na parte superior. Alguns generistas afirmam que o gênero é “fluido”. Feministas radicais apontam que não há nada de fluido em seu marido vender seu rim. Então, sim, nós temos algumas grandes divergências.”

 

Deep Green Resistance

tradução por C.P.