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A Lésbica Essencial – Sheila Jeffreys – A Heresia Lésbica
A Heresia Lésbica
Capítulo 4 – A Lésbica Essencial
por Jéssica Akemi
Os ativistas gays liberais e as feministas lésbicas, nos anos 70, se opuseram à ideia de que a
orientação sexual é biológica. Os anos sessenta e setenta foram décadas importantes para o
construcionismo social. Teoristas sociais se opuseram vigorosamente aos argumentos biológicos
de inferioridade racial, diferenças de gênero e doença mental. É conhecido que as explicações
biológicas fornecem as bases cientificas para os manejos sociais conservadores. Argumentos
biológicos, argumentos na natureza, podem ser usados para afirmar a certeza e inevitabilidade
da subordinação das mulheres, da desigualdade racial, da hegemonia heterossexual e das drogas
e instituições para aqueles que sofrem de doença mental. Nos anos 80, a confidência no
construcionismo social foi embalada pela aderência de algumas lésbicas e homens gays à nova
onda do determinismo biológico para explicar a orientação sexual. Algumas teoristas lésbica s
haviam até começado a definir os papeis de butch/femme e masculinidade e feminilidade em
suas formas estereotipadas como naturais, até inevitáveis, para lésbicas.
A crença na biologia veio, principalmente, de teoristas homens gays. Isso, provavelmente,
não surpreende, pois os ativistas gays não aderem ao slogan, ”Qualquer homem pode ser gay?. A
política tradicional gay masculina continua dependente da ideia de que a homossexualidade
deve ser tolerada porque os homens gays não podem se ajudar. Eles são uma minoria oprimida
biologicamente, ou se a biologia não for culpada, então há uma ”certa coisa?, ao menos, que fez
os homens gays inevitavelmente diferentes. As lésbicas frequentemente se abalavam ao
descobrir o quão profunda é a confiança dos homens gays com a biologia, por vezes, até mesmo
naqueles de outra forma progressiva política. Quando ensinando estudos gays e lésbicos em
uma classe noturna no começo dos anos 80, eu percebi que os estudantes homens gays
rapidamente expressavam alguma crença na biologia. A maioria das estuda ntes lésbicas
expressava completa rejeição pela ideia. Frequentemente, as lésbicas já haviam sido
heterossexuais, esposas e mães, e, frequentemente, nunca haviam pensado que amariam uma
mulher, até bem depois da adolescência. Uma explicação biológica não faria sentido em termos
de suas experiências ou políticas.
A diferença considerável sobre a biologia entre os homens gays ativistas e as lésbicas feministas
ficou evidente na campanha do Reino Unido contra a seção 28 da Ação Governamental Local
de 1988. A proeminência de porta-vozes gays foi à televisão para argumentar que a emenda
contra a ”promoção da homossexualidade? foi um disparate porque a homossexualidade é inata e
não pode ser promovida. As lésbicas estavam atônitas. Isso era o oposto da política lésbica
feminista e, julgando pelo debate pela emenda na Câmara dos Comuns, parecia que eram
precisamente esforços feministas lésbicos para promover o lesbianismo que estavam causando
alarme nos legisladores conservadores. Parecia haver uma política fundamental diferente aqui,
e, ainda que alguns ativistas gays fossem críticos a essa posição biológica, eles não estavam em
ascensão [1].
Em 1987 houve uma conferência de estudos gays e lésbicos em Amsterdam, na qual o tema
era „Essencialismo versus construcionismo social?. Isso parecia ser uma controvérsia que estava
pressionando aqueles que planejaram a conferência. A introdução dos papeis coletados afirma
„Há uma década há uma crescente controvérsia entre estudiosos gays e estudiosas lésbicas,
centrada entre duas teorias científicas rivais e suas implicações para a homossexualidade:
essencialismo e construcionismo. ? [2]. As lésbicas feministas estavam simplesmente perplexas que
uma questão que elas achavam ter respondido vinte anos atrás ainda excitava interesse em 1987.
O fato é que tal questão podia ser vista como suficientemente importante para encenar uma
conferência inteira em torno da sugestão de que uma crença no essencialismo devia estar viva , e
em um lugar fora da comunidade lésbica feminista. Teoristas lésbicas feministas continuavam
ocupadas desafiando a instituição da heterossexualidade, sugerindo que todas as mulheres
podem escolher serem lésbicas, exceto pelas restrições impostas pela heterossexualidade
compulsória. Considerar se elas eram lésbicas essencialmente, não era uma questão.
Nos anos 90, a diminuição do construcionismo social na comunidade gay continuava em
ritmo acelerado. Em 1991, os resultados das pesquisas do Dr. Simon LeVay, caracterizado
como um „gay ativista?, foram publicados nos EUA. LeVay estudou os neurônios dos homens
gays que morreram de AIDS, e dos homens que não se declaravam gays e qu e morreram da
mesma causa. Ele encontrou uma área minúscula do hipotálamo que era, em média, duas vezes
maior em homens heterossexuais, do que em mulheres heterossexuais ou homens homossexuais.
Ele sugeriu que essa variação de níveis de hormônios antes do nascimento „conectava? o
hipotálamo à heterossexualidade ou homossexualidade. Desde então, outro estudo da
Universidade da Califórnia Escola Médica, aparentemente apoiava suas descobertas. LeVay vê
seu trabalho como realmente positivo para o fim da discriminação contra gays. Ele sempre
acreditou que a homossexualidade era biologicamente determinada, e preparou-se para provar
que esta discriminação anti-gay podia ser combatida com o fundamento de que os gays eram
condenados pela natureza por seu comportament o, e que deviam ser tratados com misericórdia,
como qualquer grupo que não pode ajudar a si mesmo. Este é um velho argumento que recorda
a virada do século. Esta é uma ideia que morreu duramente. Mas isso não se adapta à
experiência lésbica ou à teoria feminista lésbica. LeVay ainda não havia tido acesso aos
neurônios das lésbicas, mas estava convencido que encontraria neles semelhanças com os
neurônios de homens heterossexuais em sua área crucial.
É significativo que LeVay também acredita que a biologia é responsável pelas diferenças no
comportamento de machos e fêmeas. Ele pensa que as mulheres são verbalmente mais
competentes que os homens, e os homens são mais competentes espacialmente do que as
mulheres, devido à diferença nos neurônios. Ele consegue associar estas diferenças nos
neurônios com o fato dos homens gays serem ”menos fortes com a mão direta do que os homens
heterossexuais?. (Campaign, 1992) [3]. LeVay é claramente preparado para acreditar que qualquer
número de diferenças estereotipadas entre homens e mulheres são resultado da biologia, sem
qualquer evidência além de seus próprios palpites. O mais preocupante é que ele
acredita que „os impulsos sexuais masculinos e femininos são determinados
biologicamente?. Uma visão fundamental da teoria feminista é a que o comportamento
sexual masculino é aprendido, e não natural. Não haveria outra forma de libertar as
mulheres da violência sexual. A sabedoria de LeVay sugere o contrário:
Em geral, em todo o reino mamífero, os homens são mais
promíscuos que as mulheres. Os homens têm o potencial de
serem pais de um número ilimitado de filhos. Sai mais barato
para eles inseminarem uma fêmea, então é do interesse deles ser
tão promíscuos quanto podem. Para uma fêmea, isto é
completamente diferente… Não há dúvidas em minha mente que
esta característica é determinada biologicamente. Há algo nos
neurônios de machos e fêmeas que faz com que sejam assim.
Agora, se você olha homens gays e lésbicas, esta característica
não é revertida pelo sexo. Na verdade, esta característica nos
homens gays não é mais restrita por falta de vontade das
mulheres – então, o céu é o limite. A maioria dos homens
heterossexuais não tem tantas relações sexuais quanto querem
porque as mulheres não deixam. [4]
Levay nos mostra que estes argumentos biológicos sobre ”genes gay? podem nos conduzir
diretamente a argumentos biológicos que justificam a opressão das mulheres.
É preocupante que a teoria de LeVay venha sendo tratada com entusiasmo por algumas
imprensas gays e ao menos com curiosidade simpática pelos outros. O retorno do essencialismo
parece estar em pleno andamento. As feministas foram particularmente hostilizadas pelas
explicações biológicas deterministas porque a própria ideia do feminismo, a possibilidade de
seu nascimento, depende da luta contra a ideia de que o biológico constrói diferenças
psicológicas entre os sexos. Após uma boa fundamentação de tal batalha não é possível para as
lésbicas feministas serem otimistas quanto a explicações biológicas sobre a homossexualidade.
Homens gays podem ser porque a liberdade deles como homens não depende da mesma forma
do combate ao biologismo.
A ”diferença? das mulheres ou a feminilidade foi explicada pela teoria lésbica feminista
como uma invenção masculina, e a submissão das mulheres à feminilidade como uma projeção
nas mulheres das fantasias dos homens, ou como uma separatista coloca isso:
Os homens projetam nas fêmeas as próprias deficiências deles
(covardia, irracionalidade, inanidade, desonestidade, traição,
mesquinhez, etc.) e empurram para as fêmeas uma matriz de
maneirismos femininos inventados pelos machos e estilos que
encorajam a fraqueza, dependência, submissão e geral fuckability [5].
A feminilidade tem sido experimentada pelas lésbicas feministas simplesmente como uma
brutal restrição da liberdade, como tortura do corpo. As lésbicas estão mais livres para
abandonar estas ordens e expressar total rejeição. A mesma escritora faz a feminilidade soar
bastante brutal:
…nós somos supostas a acreditar que é natural querer
requebrar em cima de sapatos de pau, o rosto mascarado com
produtos químicos fedidos e escabrosos, unhas compridas e
sangrentas, corpos operados dietaexercitados -depilados-plásticos,
envoltos em vestidos expositivos, vozes anormalmente altas,
gestos „?fofos?? e flertes agressivos, e a mente focada em agradar
os homens a qualquer preço. [6]
Feministas heterossexuais demoliram o mito da feminilidade efetivamente também, mais
notavelmente Naomi Wolf no Mito da Beleza [7]. Ela, tal como outras teoristas feministas
anteriores a ela, mostra o quanto a indústria fashion e da beleza levam as mulheres a causarem
grandes danos a seus corpos, e até a passarem fome até a morte através de d istúrbios
alimentares. O que é surpreendente é que a feminilidade venha sendo, atualmente, reintroduzida
à cultura lésbica como uma nova e revolucionária possibilidade erótica.
Nos anos 70, lésbicas feministas, nas quais eu me incluo, usavam crachás dizendo „Qualquer
mulher pode ser uma lésbica? e nós acreditávamos nisso. Acreditamos nisso não só por bons
motivos políticos, tal como nossa resistência a teorias biológicas de comportamento sexual e de
gênero, mas porque, para muitas de nós, essa foi nossa experiência. Milhares de mulheres que
nunca consideraram conscientemente o lesbianismo como uma possibilidade, deixaram os
homens e cometeram todas as suas energias emocionais e sexuais para as mulheres, e continuam
cometendo isso hoje [8]. A ideia do lesbianismo político, como esse fenômeno é geralmente
chamado, foi polêmico todo o tempo. As lésbicas políticas foram acusadas por alguns de não
serem lésbicas „reais?, pois elas eram vistas como voltadas às mulheres mais por razões políticas
do que por uma determinação vitalícia. Mas nenhuma lésbica feminista teria pensado em
argumentar que lésbicas e mulheres heterossexuais eram simplesmente duas categorias
biológicas distintas.
Joan Nestle, a principal propagandista da nova encenação de papeis lésbicos, afirma
categoricamente que ”Eu penso que a frase Toda mulher é uma Lésbica em potencial, não é
mais útil? [9]. Ela diz que isso era simplesmente um ”dispositivo retórico” , e agora é hora das
lésbicas e mulheres heterossexuais simplesmente reconhecerem suas ”escolhas” diferentes. As
lésbicas devem agora ”parar com o bullying em mulheres por suas posturas sexuais, para
encerrar o assunto de que apenas Lésbicas fazem escolhas?. O ”bullying? que ela tem em mente
provavelmente compreende o excitante trabalho teórico de lésbicas feministas, tais como
Adrienne Rich e Monique Wittig, que analisam a heterossexualidade como uma instituição
política. Um novo feminismo que materializa as categorias sexuais do sistema sexual de
supremacia masculina engatinhou até aqui sob a retórica da escolha. E para os pornógrafos da
nova encenação de papeis, os terapeutas da encenação de papeis, que esse novo essencialismo
flui. Particularmente, isso não é surpreendente. Eu argumentarei aqui que na raiz da crença na
encenação de papeis há, inevitavelmente, uma fundação essencialista.
A feminilidade e a masculinidade retornaram à comunidade lésbica no contexto de reabilitar
o jogo de papeis do começo dos anos 80. Ainda que houvessem lésbicas não afetadas por tais
desenvolvimentos, a diminuição do fetichismo de gênero nos anos 60 e o impacto do feminismo
providenciaram uma libertação para muitas das lésbicas que previamente usaram tais papeis.
Julia Penelope é uma teorista lésbica que escolheu abandonar a encenação do papel de butch.
Ela estava horrorizada em ver uma revalidação e em 1984 ela atacou a nova encenação de
papeis de uma perspectiva feminista radical forte e clara.
O impulso de reviver os rótulos ?butch’’e „?femme? e injetar
alguma honorabilidade em seus significados (embora
tardiamente) falando sobre ?sentimentos viscerais??, ?intuições??
e ?poder? é a manifestação lésbica da ala backlash da direita
contemporânea e, além disso, encorajada pela nostalgia dos anos
50 ”Dias Felizes?), e a ilusão de segurança que temos ao voltar ao
que imaginamos ter sido ”dias melhores? (geralmente porque
não vivemos neles), e falar sobre ?recuperar nossa herança? [10].
Como Penelope aponta, a nova encenação de papeis foi legitimada com recursos da história
lésbica, geralmente dos anos 50.
Outra lésbica que abandonou o papel de butch explica que ela definia-se nos anos 50 como
uma butch e aspirava ser uma ”Grande Butch Má”, que via as femmes como ”muito menininhas
ou inadequadas para serem butch”. Ela ficou assombrada por qualquer lésbica hoje poder ”alegar
ignorância dos elementos de ódio às mulheres que permearam as tradicionais identidades butch-femme”.
É fácil sentir nostalgia pelos bons e velhos, maus e velhos
tempos… Há uma emoção em conquistar. Há uma emoção em ter
poder sob alguém, seja literalmente ou figurativamente. Mas,
para mim, estes velhos papeis eram terrivelmente deformados, e
levou muito tempo para que eu me libertasse de suas garras [11].
Ela explica que a rigidez dos papeis foi aliviada pelos „anos 60 hippie?, que permitiam
homens ter barba e cabelo comprido. Mas o que ela descreve como o “grande avanço” veio com
o Movimento de Libertação das Mulheres, através do qual ela aprendeu a “combinar a força e a
sensibilidade, e a ampliar seus conceitos de sexualidade e sensualidade”. Ela conclui:
Neste ponto parece louco por em risco este caráter pelas
emoções baratas de jaqueta preta de couro e vestidos de boneca…
Nós não temos mais qualquer desculpa para deixar a cultura
popular punk definir para nós o que é sexy, o que é romântico,
pelo que vale a pena viver [12].
Mas a busca de „emoções baratas? através da encenação de papeis através da comunidade
lésbica brotou nos anos 80 e 90 e, de fato, colocou em risco a sobrevivência da crítica lésbica
feminista da masculinidade e feminilidade. A imitação do sistema político de classes da
heterossexualidade demonstra uma exatidão impressionante na recente literatura de encenação
de papeis. Os encenadores não vêem humor em seu projeto, mesmo em suas manifestações mais
improváveis, talvez porque o humor iria perfurar o rumor abrasivo, o que é suposto que seja o
principal benefício do mesmo. O Desejo Persistente, uma encenação de papeis de antologia,
editada por Joan Nestle, revela a extensão extraordinária que os promotores da encenação de
papeis são preparados para passar em sua imitação de alguns dos aspectos da heterossexualidade
mais politicamente opressores. Os propagandistas da encenação de papeis rejeitam qualquer
sugestão que suas práticas podem ser politicamente construídas
e derivadas da opressão da mulher.
Um artigo de Paula Austin, uma ”negra que se identifica femme?, dá um quadro
representativo do modo que essa encenação de papeis imita a antiquada heterossexualidade.
Austin percebeu que é uma femme enquanto estava em um relacionamento com uma lésbica
chamada Rhon. Austin opina que ”Eu estava convencida que ela havia escondido, em algum dos
recessos de sua calça, um pênis? [13]. Rhon é atraente por ser ”durona, a dyke mais durona com
quem já estive?. Sobre outra amada Buddy, ela escreve „Eu amo a dureza, o rústico de poder e
violência, a força, o indício de ser possuída? [14]. Austin confessa uma angústia sobre sua ”femmenilidade” e se isso é politicamente correto, mas claramente decide ignorar suas preocupações.
Essa é sua descrição de sua ”femme-nilidade”:
Ser uma femme, para mim, significa vestir uma saia curta e
apertada, cinta-liga e salto alto quando vou sair. Isso significa
parar na frente do espelho, passar rímel e batom marrom
avermelhado. Isso significa comprar uma blusa de corte baixo
para revelar um pouco de decote algumas noites. Isso significa
sorrir, ou às vezes fazer beicinho quando minha mulher coloca
seu braço em volta da minha cintura e com a outra mão vira meu
rosto para beijá-la. Isso significa sussurrar, “Eu sou sua, me
possua” quando fazemos amor. Isso significa sentir-se sexy [15].
Esta, tal como outras descrições da nova encenação de papeis, tem uma característica Mills
and Boon. Mas o que é irônico é que entre as mulheres heterossexuais são rejeitadas como
desigualdade de gênero. A geração de mulheres jovens heterossexuais encontraria tal material
para uma audiência heterossexual francamente embaraçosa e até Mills and Boon estão tendo que
vender levemente mais personagens igualitárias para os anos 90. O indício de poder e
violência? que excita Austin é provável que signifique abuso real na heterossexualidade e,
frequentemente, significam o mesmo nas relações lésbicas também.
O modelo de relacionamentos de encenação de papeis descrito na antologia tem um sabor de
vida rural, folclórica, operária, alma americana, heterossexualidade dos anos 50. Femmes
recebem suas butches em casa depois de um dia difícil, geralmente realizando trabalho manual,
mas às vezes uma ocupação profissional, e prosseguem a oferecer a elas conforto contra um
mundo áspero. Como Nestle expressa isso, ”Quando ela vem pra casa por mim, eu devo
acariciar as partes dela que foram desgastadas, tentando fazer o trabalho dela em um mundo de
homens? [16]. Quem adivinha o que as femmes são supostas a fazer o dia todo, assar bolos? Então
a femme é suposta a fazer sua butch sentir-se segura o suficiente para deixar ela ser vulnerável,
revelada ao fazer amor, mas a masculinidade dela deve ser protegida: ”Eu sei como fazer amor
ao/ Seu corpo de mulher/ Sem levar sua masculinidade embora” [17]. O papel de femme, como esse
da dona de casa tradicional, é para nutrir o poder de sua butch, então ela pode manter seu lugar
na classe dominante masculina e seu poder sob ela.
Embora isso possa parecer muito perplexo de uma perspectiva feminista, a idealização das
dinâmicas precisas de poder que mantêm as mulheres subordinadas e abusadas através de
relacionamentos heterossexuais é vista como positiva pelos novos encenadores de papeis. Mas
então eles parecem ter afirmado uma declaração de independência do movimento feminista.
Alguns repudiam o seu antigo feminismo, outros dizem que nunca foram feministas. Lyndall
MacCowan, uma femme, explica em O Desejo Persistente que ela nunca se identificou como
feminista ou como sendo uma mulher. Ela diz que quando ela saiu do armário na década de
setenta:
Isso seria herético, então, como isso continua sendo agora, ser
uma lésbica e declarar que o feminismo tem um significado
pequeno para mim – imagine tentar ser uma ateísta na Europa
central do século XIV. Ainda que tal afirmação seja verdadeira, e
seja importante dizer isso, porque o feminismo veio para ofuscar
o significado do lesbianismo. Não é que eu não acredite que as
mulheres são oprimidas, mas eu nunca fui capaz de me identificar
com esse grupo abrangente “mulher”. Eu nunca estive perto de
ser oprimida como uma mulher como eu sou como lésbica. [18]
MacCowan afirma que ser uma lésbica significa “saber que não sou uma mulher” [19]. Ainda
que ser uma lésbica femme, atualmente, sujeite ela diretamente à opressão da mulher. Paula
Austin escreve sobre a dificuldade de ter que sofrer assédio sexual dos homens por parecer uma
mulher heterossexual e pode-se imaginar que MacCowan, que favorece um traje similar, teria o
mesmo problema.
Declarações raivosas sobre o comportamento autoritário e bullying de feministas lésbicas
entre aquelas de categorias como MacCowan ou JoAnn Loulan, que realmente queriam ser
femmes, são comuns na literatura de encenação de papeis. Esta abordagem as alivia da
responsabilidade de terem conscientemente adotado ideias feministas nos anos 70. Ao invés de
realmente terem sido vitimas silenciadas quando estavam no movimento lésbico feminista, é
provável que elas simplesmente mudaram suas mentes para se adaptarem ao fashion do
backlash conservador.
Está nas explicações oferecidas pela encenação de papeis que o essencialismo por trás da
ideologia butch/femme é uma explicação biológica mais clara e sem rodeios que não é
geralmente sugerida, embora esteja retornando em algumas áreas. Loulan sugere que a
homossexualidade é hereditária, uma ideia abandonada até pela maioria dos sexólogos, uma vez
que os psicanalistas se popularizaram antes da Segunda Guerra Mundial.
Algumas de nós apenas nascemos dessa forma. Isso é
provavelmente genético: homossexualidade acontece fortemente
em algumas famílias. Eu conheço uma mulher que tem seis
irmãos e irmãs e todos, menos um, são gays [20].
Ela diz que ”nós podemos contar” com histórias de homossexualidade acontecendo em
famílias ”para provar que sim, um dos componentes é nosso DNA? [21]. Pode parecer
surpreendente o fato da vasta maioria de lésbicas e homens gays ter pais heterossexuais não
abalar o recurso do argumento hereditário. É interessante que ela quer usar uma combinação de
explicações usando tanto a genética para uns quanto a ”escolha? para outros. A variedade
genética é aparentemente identificada por si própria, se você diz que você é genético, então você
é. Esta combinação é reminiscente da velha ideia sexológica de que os homossexuais são
divididos em invertidos e pervertidos. Invertidos eram os congênitos que não podiam se ajudar e
isso merecia simpatia, e os pervertidos haviam escolhido deliberadamente serem maus.
Interessante este pensamento de alguém como Loulan, que teve uma queda pelo feminismo nos
anos 70, e mudou tão facilmente para a sexologia tradicional. Isso sugere um conservadorismo
profundo e enraizado que a experiência dela no feminismo não foi capaz de alterar. Loulan tem
aflições em sugerir que toda a homossexualidade é genética porque ela está consciente que isso
pode ser usado para sugerir um „defeito genético? e ela não pensa que o lesbianismo é
”patológico”.
Na explicação da encenação de papeis, Loulan opta por uma explicação psicológica em
termos de arquétipos. Ela diz que as lésbicas têm certos arquétipos enterrados profundamente
em seu inconsciente coletivo que não pode ser discutido. Cada um é “uma imagem que
determina reações comportamentais e psicológicas inconscientes” [22]. A encenação de papeis
então, não é o resultado de um determinismo biológico, mas psicológico. Os arquétipos lésbicos
mais comuns são ”os conceitos de butch e femme e, recentemente, andrógino também” [23]. A
encenação de papeis arquétipos é aparentemente tão determinante que todas as lésbicas estão, de
alguma forma, conectadas à encenação de papeis, mesmo que não admitam isso. Ela descreve
„esse erotismo lésbico de butch e femme? como algo que cada uma de nós está conectada, que
cada uma de nós foi feita para negar, rebaixar, e envergonhar-se…” [24]. Isso deixa aqueles que
permanecem querendo negar isso em uma espécie de falsa consciência. O público dela tende a
estar neste estado ignorante. Ela diz que quando ela pergunta ao público se eles já se
classificaram em uma escala butch/femme, 95% diz que sim, mas quando ela pergunta se a
encenação de papeis é importante para elas, 95% diz que é ”insignificante em suas vidas” [25]. A
única explicação, para Loulan, é que 95% das lésbicas estão negando e é o triste dever de
Loulan tentar abri-los para os prazeres da encenação de papeis. Sexólogos tradicionalmente
retomam tais incríveis responsabilidades e não recuam da ideia de ter que mudar o
comportamento sexual das mulheres em massa para ajustarem a essas prescrições.[26]
Joan Nestle, em uma palestra de 1985 sobre encenação de papeis, ofereceu uma versão da
teoria de arquétipos. Ela diz que quando conheceu uma butch ela experimentou „algum tipo de
básica e pré-histórica previsão uma da outra?[27]. Outra participante da palestra, Jewelle Gomez,
assegurou que a encenação de papeis é natural e inevitável. Ela vê butch e femme como
representando os ”dois pólos que a natureza presenteia a cada um de nós? [28]. Como evidência ela
apresenta a sabedoria popular do yin e yang da religião oriental. Ela considera que essa
sabedoria popular se perdeu na religião puritana da Europa Ocidental, que fez com que as
pessoas esquecessem que „há dois lados dentro dos indivíduos?. Provavelmente, o feminismo,
que questionou a sabedoria popular de todas as ideologias patriarcais sobre a natureza essencial
de gênero, compartilhou deste trágico esquecimento. Este essencial dualismo, ela descreve
como ”um principio natural, um princípio natural, psicológico, biológico, emocional e
fisiológico?[29]. Isso não deixa muito espaço para opositores conscientes.
Também há lésbicas acadêmicas, como terapeutas sexuais, envolvidas em promover o novo
essencialismo da encenação de papeis. Saskia Wieringa é uma antropóloga que reivindica que
cometeram o erro, devido a uma consciência feminista, de ver a cultura ocidental de
butch/femme como „bastante ultrapassada?. Então ela experiment ou a cultura bar lésbica de
Jakarta e Lima e percebeu o „quão estreito meu próprio, então chamado, lesbianismo político
era?[30]. A descoberta de alguma coisa similar à encenação de papeis ocidental em outras culturas
convenceu ela da pobreza da abordagem construcionista social do lesbianismo. Ela determinou
que fatores psicobiológicos devessem estar envolvidos. A existência da encenação de papeis em
outras culturas fora do ocidente podia ser usada para suportar a abordagem feminista
construcionista social. Se a encenação de papeis lésbica é relacionada à encenação de papeis
heterossexual, então seria de se esperar que isso fosse particularmente forte nos períodos e
culturas onde a diferenciação de cada gênero foi forçada mais estritamente dentro da
heterossexualidade. Isso pode explicar a cultura bar de Jakarta e Lima mais facilmente do que a
invenção de alguma essência da encenação de papeis.
Explicações feministas da encenação de papeis que vinculam isso aos papeis de sexo da
supremacia masculina são severamente rejeitadas por seus proponentes. Loulan atribui a ideia
feminista de que a encenação de papeis lésbica é „imitação dos papeis macho/fêmea? ao ódio
próprio das lésbicas, nosso medo que as lésbicas sejam tão inferiores quanto na versão da
heterossexualidade. Ela diz que „em algum lugar, em nosso mais profundo eu homofóbico, nós
concordamos que as lésbicas são uma versão substituta do modelo heterossexual?, quando na
realidade ”butch e femme nao têm nada a fazer com o macho e fêmea? [31]. A encenação de papeis
é ”algo profundamente feminino? que, ao invés de derivar de macho/fêmea, deriva de alguma
outra raiz, um arquétipo ou principio dos quais tanto os papeis macho/fêmea quanto os papeis
lésbicos derivam, um dualismo na natureza. Isso significa que ao invés de i mitar o original
heterossexual, as lésbicas adquirem seus papeis independentemente e da mesma fonte natural
que os homens e mulheres adquirem. É um pouco surpreendente então que o grande dualismo
original na natureza seja tão especifico sobre quem aspira e quem expira, mas parece ser assim.
Essa é a descrição de Loulan da ”energiafemme?:
Uma certa leveza, um certo brilho, um certo interesse em cada
pequeno detalhe sobre o que minha melhor amiga disse à pessoa
que ela conheceu na mercearia. Uma ligação com colunas de
fofocas cheias com pessoas que eu não conheço e nunca
conhecerei [32].
Provavelmente, lésbicas que sofrem de depressão não podem ser femmes, uma vez que elas
carecem do brilho requerido. As entrevistadas da pesquisa dela que se identificaram como
femmes irritaram Loulan por serem „mais prováveis de iniciar a limpar e decorar a casa, cuidar
das crianças, organizar atividades sociais e fazer a verdadeira socialização? [33]. Ela nota que esses
são também papeis macho/fêmea. Isso pode até sugerir que a femmeness tem algo para fazer
com a subordinação feminina aprendida mais do que os grandiosos arquétipos no céu.
Lyndall MacCowan afirma que a masculinidade e a feminilidade na heterossexualidade são
apenas dois gêneros, e realmente pode haver algo mais. Butch e femme são gêneros também,
”gêneros lésbico-específicos? e parte da variedade potencialmente grande. Ela acredita que
”Sistemas de gênero são uma cultura universal? e não é verdade que „um sistema de gênero
sempre implica em sexismo e homofobia? [34]. O gênero é apenas opressivo se limitado em uma
sociedade particular de dois e ”rigidamente correlacionados? com o sexo biológico. De acordo
com esta interpretação incomum do gênero como simplesmente uma categoria corroída, ela vê a
„androginia? como um gênero lésbico também. Claramente, encenadores de papeis devem
repudiar uma análise feminista de gênero se eles tiverem respeito próprio e acreditarem que são
jogos inofensivos. Então, eles buscam procurar confusão sobre o que o gênero é.
Uma análise feminista veria o gênero como sendo uma categoria política. Na verdade, uma
classe política, na qual os seres humanos são colocados de acordo com a sua posse ou não de
um pênis. Estes que possuem a forma do gênero masculino, não simplesmente por uma
interessante categoria erótica, mas pela classe de papeis no sistema de opressão chamado
supremacia masculina, no qual as mulheres estão sofrendo e morrendo. A diferença de poder
entre as duas classes de gênero é erotizada para ser entendida como sexo sob a supremacia
masculina. Portanto, para muitos, para fazer sexo eles precisam ter um gênero e relacionar-se
com alguém do gênero oposto. „Gênero? como um modo de estímulo sexual é diretamente
derivado do gênero como mecanismo de regulação do sistema de classes da supremacia
masculina. MacCowan termina sua peça dizendo que é ”tempo de reivindicar o direito de foder
com o gênero? [35]. Mas é difícil ver como a repetição servil do papel do feminino no qual uma
mulher tem sido educada, tentando viver como uma heroína Mills and Boon, é „foder? com tudo,
de qualquer forma. E as oportunidades para as mulheres heterossexuais para „foder? parecem
ainda mais limitadas. Se elas praticarem a feminilidade, ninguém notará, e se praticarem a
masculinidade, elas podem encontrar alguma oposição dos homens.
Lésbicas feministas que se opõem à encenação de papeis são chamadas „andróginas? na
literatura de encenação de papeis. As lésbicas feministas, geralmente, não usam esta palavra
para aplicar a si mesmas porque não significa a eliminação da masculinidade e f eminilidade, o
que é o projeto feminista. Androginia representa a combinação de masculinidade e feminilidade
em uma pessoa. Janice Raymond vê a ideia da androginia como fundamental para justificar a
heterossexualidade como instituição política:
…realidade-hetero e relações-hetero são construídas no mito
da androginia. „?Tu, como uma mulher, deve unir-se a um
homem?? para cumprir o suposto propósito cósmico de reunir o
que foi misticamente separado em macho e fêmea. Argumentos
que suportam a primazia e prevalência de relações heterossexuais
são, de algum modo, baseados na polaridade cósmica de machofêmea na qual as metades perdidas procuram ser reunidas. [36]
Androginia é um conceito que feministas lésbicas rejeitam. Não pode ser por acidente que,
por isso, as encenadoras de papeis usem isso para referirem-se às feministas. Elas procuram
desenhar aqueles que especificamente rejeitam e procuram desmantelar o gênero dentro de seus
papeis venenosos. Loulan chama o projeto feminista de demolição de hierarquias de Poder e
procura por igualdade de ”imperativo andrógino?[37]. Ela está, particularmente, desconsiderando
qualquer propósito de igualdade em relações sexuais.
A lésbica que adere ao imperativo andrógino idealiza um
relacionamento que não possui diferenças de poder… Não há
qualquer jeito de manter um relacionamento de qualquer tipo livre
de poder. O fato de haver duas pessoas trocando energia significa
que elas estão passando poder para frente e para trás. [38]
Estas são as excitantes possibilidades eróticas oferecidas pelas diferenças de poder
introduzidas ou formalizadas nos relacionamentos lésbicos através da encenação de papeis que
explicam esta nova popularidade. Isso não deriva da natureza, imperativo psicológico ou
tradição. As novas encenadoras de papeis apelam para a história lésbica para legitimar suas
práticas, como se elas estivessem simplesmente continuando uma tradição honorável. Eu
argumentei em outro lugar que esta procura por reabilitar a encenação de papeis nos anos 80
estava acontecendo por diversas razões, especificamente, as eróticas. [39] A nova encenação de
papeis é uma variedade do recente sadomasoquismo moderno. Isso não se assemelha à
contrapartida histórica porque os papeis de gênero explodiram pela teoria feminista e não eram
mais compulsórios, certamente, não por aquelas que agora estavam promovendo eles que são
bem versados em tal teoria. A repressão política dos anos 50 fez da encenação de papeis uma
força de proteção quando uma de um casal lésbico pode ”passar? pela rua, e ser difícil para
algumas lésbicas pensarem além da diferença de gênero por causa da propaganda abafada das
esferas separadas e diferença das mulheres que impregnou a década. As décadas de 80 e 90 são
um tempo diferente. Uma avançada pesquisa feminista crítica da heterossexualidade de Jill
Johnston a Adrienne Rich e Monique Wittig decifrou o vazio da heterossexualidade tradicional
e nomeou isso como uma instituição de controle político da mulher. Uma imitação das leis desta
instituição não podia ser realizada fora da ignorância nos anos 80 por aqueles que estavam
impregnados na teoria feminista.
A encenação de papeis na década de 80 é pornografia suave comparada com a pornografia
hard core de lésbica S/M. Isso providencia a emoção da erotizada diferença de poder sem os
extremos de violência e vulgaridade. Merrill Mushroom descreve as vantagens da encenação de
papeis usando os lemas do S/M, tais como vulnerabilidade, confiança e poder.
As dinâmicas básicas de butch-femme referem ao envolvimento
de poder, confiança, vulnerabilidade, ternura e carinho. Quando
eu, como uma butch, pedia a minha amada ”Dê isso para mim,
baby, agora?, indo o mais profundo dentro dela quanto eu podia
penetrar; e ela se solta completamente fluía para mim… Algumas
vezes eu quero que ela me tenha naquele instante, e então eu a
seduzo como uma femme seduz uma butch – seduzo ela a me ter
ao invés de querer que eu a tenha. Algumas vezes a própria butch
dela vai dominar, e ela vai Ter Seu Jeito comigo, e eu vou deixar. [40]
Mushroom permanece vendo a si mesma como uma butch, apesar de uma troca de papel um
pouco controlada. As desvantagens da encenação de papeis foram esquecidas nessa nova versão
na qual é suposta a ser mais apenas um jogo do que de verdade. Há outras razões para a
revitalização da encenação de papeis. Lésbicas querem descrever os problemas em seus
relacionamentos, particularmente em torno da sexualidade, e na falta de uma linguagem
feminista, agora que esse feminismo é tão desprezado e descartado, a linguagem da encenação
de papeis parece útil.
A terapeuta sexual JoAnn Loulan, em seu livro A Dança Erótica Lésbica, expressa que sua
visão da encenação de papeis é sobre a construção de categorias corroídas. Butch/Femme para
ela é sobre como escolher uma parceira sexual e o que fazer com elas. Para ela, o lesbianismo é
uma prática sexual e esta prática sexual, por ela mesma, ao fazer isso, que faz o lesbianismo
revolucionário. A crítica feminista da encenação de papeis é referida pelos propagandistas como
lesbianismo „dessexualizado?. Loulan nota que ela „não pode deixar de comentar sobre a
dessexualização da nossa cultura? [41]. Contribuintes de O Desejo Persistente produzem o mesmo
argumento. Madeline Davis observa:
Frankly, eu não entendo não ter papel identificado. Claro, eu
acredito quando elas dizem que não são, mas tudo isso me parece tão „o
mesmo? para mim, e um tipo chato. Elas estão tão ocupadas pegando
nas mãos e remexendo e cantando sobre ?encher e transbordar? [42].
Arlene Istar reclama sobre o feminismo, ”Nós temos limitados nossas opiniões sobre
dessexualizar nossa comunidade? [43]. Lyndall MacCowan explica que „butch e femme são
construções de gênero que surgem de uma definição sexual de lesbianismo? [44] e que ”Butch e
femme foram feitas invisíveis porque a sexualidade lésbica foi feita invisível? e prossegue numa
rejeição explícita da temeridade do feminismo lésbico em dar ao lesbianismo um significado
político.
É hora de dizer explicitamente que a análise lésbico-feminista
vincula a opressão das mulheres com o gênero, papeis de sexo,
sexualidade, e a orientação sexual é tanto simplista quanto incurável, e
sobrevive a habilidade para abastecer um movimento para a libertação
de mulheres – não apenas lésbicas. [45]
A sexualidade da encenação de papeis, como demonstrada em coleções tais como O Desejo
Persistente, imita a felação heterossexual clássica e relações religiosamente a fim de realizar o
potencial dessas práticas para satisfações sadomasoquistas. Uma butch prestativamente explica
a excitação de penetrar para ela: ”… foder entre iguais é impassível… Quando nós fodemos, nós
possuímos. Quando nós somos fodidas nos tornamos a posse? [46]. Joan Nestle descreve ser fodida
com um dildo, ”… ela desce e desliza o pênis em mim… ela começa a mover seus quadris em
empurrões curtos e fortes? [47]. Pat Califia tem um poema na coleção sobre ela querer ter um pênis
com linhas como ”Imagine o dilatado e rígido comprido/empurrado dentro de você,? ”Fodendo
você até eu chegar/ Ficando em você até eu ficar duro novamente? [48]. As palavras usadas para
foder no poema são ”empurrar, introduzir e arquear?, „furar?, „machucar, preencher e perfurar
em você? [49].
Mais surpreendente que a imitação das relações sexuais brutais é a prática da felação. Ou
seja, o ato da felação em um dildo. Jan Brown explica que a razão para esta prática é que é essa
a definição da dominação e submissão. ”Isso é sobre o estímulo de dominar, ter e degradar. Isso
é sobre a feroz necessidade de submeter. De servir a alguém? [50]. Nestle também descreve a
felação. Para que não careçam do potencial erótico para a mulher amarrada nisso, Nestle inventa
uma variação. ”Eu tomo uma das mãos delas e envolvo em torno da base, então ela pode sentir
meus lábios como eu movo nela… lambendo o pênis de lavanda? [51].
As práticas de encenação de papeis, descritas na determinação delas em imitar o sexo
heterossexual tradicional, inclui violência não consensual. O poema acima de Pat Califia sobre
perfurar e machucar também menciona o alcoolismo e violência da butch. Scarlet Woman
escreve sobe o que poderia em um contexto heterossexual ser passível de algumas jurisdições
pela acusação de estupro marital. A mulher acorda ”Debaixo de mãos rápidas, alarmada em
excitação instantânea? e ”Você move mais rápido do que posso acreditar? enquanto ”Meu
cérebro está dormente? [52]. Mas isso é representando como aceitável porque a vítima fica excitada
no decorrer do evento. Talvez não seja surpreendente que quando as dinâmicas da
heterossexualidade são imitadas nas dinâmicas de atividade e passividade, então o estupro é
provável de se tornar uma possibilidade real entre mulheres.
É um segredo aberto entre proponentes do sadomasoquismo lésbico que a sexualidade da
crueldade é vinculada ao abuso sexual de crianças. Praticantes defendem o S/M afirmando que é
esse o único modo que elas podem experimentar o prazer sexual porque seu abuso amarrou
abuso e prazer tão rigorosamente juntos que para elas qualquer possibilidade de um erotismo de
igualdade está impedida. Dos escritos das encenadoras de papeis isso parece bastante claro que
há ligações similares entre a compulsividade da prática do S/M moderado e a opressão das
mulheres. Jan Brown, em The Persistent Desire nos diz que ela trabalhou como uma prostituta
de rua na década de 70. Como uma butch adulta, ela nos diz que ela e suas amigas encenadoras
de papeis mentiram para as feministas para tentarem fazer suas práticas sexuais parecerem
respeitáveis. „Nós explicamos a elas que mesmo que muitas de nós pudessem masturbar em
estupro coletivo, torturar, papai em nossas camas, e outras imagens inegavelmente incorretas,
mas não era nada de se perder o sono? [53]. Elas enfatizaram a diferença entre a fantasia e a
realidade, e que elas estavam no controle de suas fantasias. Mas ela diz, „nós mentimos?. Na
verdade, a falta de controle que é atraente. O poder das fantasias mente:
…na luxúria de ser dominada, forçada, machucada, usada,
objetificada. Nós masturbamos o estuprador, o Hell’s Angel
[motociclista], o papai, o Nazi, o policial, e todas as outras imagens que
não havia nada a fazer com o tipo de sexo lésbico que implica
murmúrios de carinho, acariciamento de seios, e longo e lento trabalho
de língua. E, sim, nós também sonha mos em tomar. Nós sonhamos com
o sangue em nossas mãos, em rir com os choros de misericórdia. Nós
vestimos o uniforme e a arma; nós arrastamos nossos pênis para fora de
nossas calças para dirigir a um corpo relutante. Algumas vezes,
queremos dar as mãos à estrangulada. Algumas vezes, nós precisamos
ter um pênis tão duro quanto verdadeiro entre nossas pernas, para ter a
liberdade de ignorar o „?não?? ou para ter nosso próprio „?não??
ignorado. [54]
Brown explica que as fantasias surgem diretamente da opressão das mulheres porque ”muitas
de nós tem graduação na universidade de autodestruição?. Elas são ”sobreviventes das ruas,
sobreviventes de incesto?, viveram com ”namorados abusivos? ou ”abusavam de substâncias? e
”mantinham muitos tipos de cicatrizes?. Mas o sexo que é crueldade erotizada é a salvação delas
e ”nos mantêm vivas – fora das prisões e enfermarias trancadas, relacionamentos abusivos, e
probabilidade de brigas ruins em bares? [55]. Brown explica bastante diretamente o quanto a
encenação de papeis erotiza a verdadeira experiência material da brutalidade.
Um poema em Leitora Femme-Butch cria o mesmo ponto. A narração poética de Sonja
Franeta explica que ela ouvia os sons de seu pai batendo e abusando de sua mãe e ”descobriu
como limpar/a ferida diretamente em mim? [56]. Ela estava batendo nela mesma. Mais uma vez,
erotizar a crueldade é visto como a solução na qual ”nossa dor se tornará prazer? e esse tempo é
expresso em cinto de fivela, botas, jaqueta de couro, navalha e ser ”forte?. A ideia de que a
sexualidade da encenação de papeis, como outras formas de S/M, é um tipo de ritual religioso
de masoquismo que vai salvar ou compensar pela verdadeira dor é um refrão comum.
Não são apenas encenadores de papeis libertários que caem na falácia essencialista. Três
lésbicas radicais separatistas, moradoras de Oakland, Califórnia, que têm perspectivas
inquestionavelmente feministas sobre sadomasoquismo e feminilidade, estão usando a ideia de
butch e femme de modos que compartilham alguns das implicações mais profundas e
problemáticas da perspectiva libertária que nós vimos acima. Bev Jo, Linda Strega e Ruston
atacam o que elas veem como opressão das butchs pelas femmes. Elas não veem butch e femme
como categorias eróticas, de qualquer modo. As definições delas são políticas. Elas veem
butches como ”aquelas que, como garotas, rejeitaram a feminização, e recusaram-se a encenar o
papel designado pelos homens para as mulheres? e femmes como ”aquelas que aceitaram o papel
feminino, em vários graus, como garotas? [57]. Elas rejeitam a ideia da encenação de papeis
inteiramente e acreditam que lésbicas devem se abster de qualquer comportamento „masculino?
e ”feminino?. Mas elas acreditam que butch e femme são categorias que todas as lésbicas caem,
sem exceção, que elas são as ”identidades de núcleo básico? que ”todas as Lésbicas têm? [58]. Elas
perguntam ”É possível não ser Butch nem Femme? e respondem ”não? [59].
Elas parecem ter decidido usar o vocabulário de encenação de papeis com a finalidade de
endereçar uma questão de significância política. Esta é a diferença na experiência entre lésbicas
que sempre se viram como lésbicas e lésbicas que ”passaram? a adotar roupas femininas ou que
se assumiram lésbicas depois de algum tempo vivendo como heterossexuais e ganhando os
privilégios que as lésbicas de há muito tempo eram incapazes de adquirir. Elas definem as
lésbicas que carregam o padrão da visibilidade lésbica como bravas heroínas da libertação das
lésbicas, e como butches. Joan Nestle, que vem de uma política muito diferente, faz o mesmo
ponto. Realmente, a admiração pelas butches visíveis, expressada pelas novas femmes, parece
emanar de alguma culpa compreensível sobre a suposição dos privilégios de passagem.
Femmes, como muitas delas assinalam, são apenas visíveis quando nos braços de uma butch. Jo,
Strega e Ruston têm uma abordagem diferente. Elas convocam todas as lésbicas a simplesmente
abandonarem os privilégios de passagem e desistirem da feminilidade, então as ”butches? não
sofreriam mais pela visibilidade delas. Esta é uma solução positiva lésbica mais dinâmica.
Mas o uso delas do vocabulário de encenação de papeis em situações nas quais dificilmente
parece apropriado faz enfraquecer pontos políticos importantes que elas estão fazendo. Para
dizer que crianças a partir de dois anos fazem uma decisão de aceitar ou rejeitar a feminilidade,
estão trancando elas mesmas em um sistema pelo que elas vão durante toda a vida oprimindo
butches ou sendo oprimidas como butches, fazendo ressaibo do essencialismo. Isso aumenta a
rigidez das categorias butch/femme e não permite mudanças. Elas procuram reverter o que elas
veem como a opressão de butches pelas femmes, mas ao fazerem isso, criam uma nova
hierarquia. Butches, que elas veem como bastante raras, possivelmente 5 a cada 100 lésbicas,
são ”muito mais próximas de nosso estado inato e natural?, de ser uma fêmea. Femmes nunca
serão capazes de tornarem-se ”naturais? e então são relegadas a estarem em uma categoria
inferior durante toda a vida. A criação de tais divisões desnecessárias não pode ajudar na
construção da comunidade lésbica feminista. Duas lésbicas que parecem e se comportam
identicamente, ambas em blusa xadrez, jeans e botas, podem, de fato, de acordo com esta
análise, permanecerem em estados de categorias diferentes por todas as suas vidas.
De acordo com isso, esta análise de butches e femmes pode ser identificada pela cognoscente
de observação, mesmo que elas não saibam o que elas são, ”Você pode geralmente dizer quando
você conheceu alguém pela primeira vez se ela é Butch ou femme? [60]. Algumas pistas para
reconhecer são fornecidas sob o título de ”Uma Lista Honesta Femme de AutoReconhecimento?. A femme explica que quando ela conhece outras lésbicas, ela sente ”menor
diferença com fêmeas?, e com uma butch ela sente uma ”barreira potencial?. Ela sente ela
mesma ”movendo como uma Fem, e automaticamente usando alguns gestos femininos? [61]. O que
mais ela percebe é que ”ativistas feministas gostam de costurar, bordar, cozinhar, e outras coisas
designadas ?trabalho de mulheres? sente que estas coisas que pertencem a ela e à ”esfera de
ação? dela. Parece que o grande arquétipo no céu está em ação novamente.
O trabalho dessas três lésbicas também contém mais clara e convincente análise feminista tal
como o de Linda Strega do movimento para a feminilidade na comunidade lésbica na década de
80. Linda Strega chama a feminilidade lésbica de ”A Grande Definição?. Ela explica que outras
lésbicas ”verbalmente atacaram? ela em aglomerações sociais sobre por que ela quis ”vestir um
uniforme? [62]. Neste ataque social no que as lésbicas feministas sempre tenderam a usar, camisa e
jeans, é o paralelo do ataque literário seguido pelas encenadoras de papeis, como Margaret
Nicholls. Como Strega pontua, aquelas que podem com mais justiça serem vistas como vestindo
uniforme, são certamente as lésbicas que escolheram imitar a tradicional feminilidade designada
pelos machos. De alguma maneira, as recentes lésbicas feministas se veem como
verdadeiramente corajosas por mudarem uma pequena fração do mundo ocidental que não
aplica a feminilidade compulsória em mulheres lésbicas feministas. Strega sugere que mais do
que ser um ato de heroísmo, o retorno à feminilidade é sobre ”passar? para ganhar privilégio.
No fim dos anos 80, se tornou mais e mais difícil declarar que tal e tal mulher ”parece uma
lésbica?. Protestantes lésbicas irritadas diriam que não há nenhuma coisa como „de que modo
uma lésbica se parece?. Bem, como Strega, eu penso que não é assim. Há uma tradição histórica
de lésbicas rejeitando a feminilidade de diferentes formas, e diferentes extensões, mas a rejeição
da feminilidade tem sido, como eu sugiro, um tema comum. Lésbicas tendem a declarar
dignidade humana contra as indignidades sociais da feminilidade designada pelo macho.
As lésbicas em discotecas feministas nos anos 70 e começo dos anos 80 não pareciam muito
diferentes das lésbicas de discotecas tradicionais, camisa, camiseta e jeans predominavam, e
cabelo curto. A estratégia política de parecer como lésbicas é mais do que apenas um desejo
pessoal de estar aquecida, confortável e na posse de liberdade de ação, muito útil em um mundo
onde homens atacam mulheres. Esta é uma estratégia importante para a criação da liberdade
lésbica. No local de trabalho, em suas famílias de origem, na rua, lésbicas que „parecem como
lésbicas?, e seus agressores sabem o que significa estar em risco. Por mais que lésbicas e
mulheres rejeitem a feminilidade, mais fácil se torna para outras mulheres escapar das normas
femininas degradantes, e mais difícil se torna a discriminação contra lésbicas.
A nova encenação de papeis é o fundamentalismo do lesbianismo. Como o fundamentalismo
em todas as religiões patriarcais, fundado sobre e designado para manter a opressão das
mulheres através da aplicação da dominação masculina e submissão feminina, assim também é a
encenação de papeis lésbica. Isso requer o mesmo embasamento próprio entusiástico das
mulheres e alcança isso. Isso é explicado pela mesma mitologia de biologia ou yin e yang. A
encenação de papeis lésbica precisa ser explicada como parte do muito grave, em todo o mundo,
backlash contra a libertação de mulheres, na qual algumas mulheres são, assim, abraçando a
opressão delas com obediência servil e repetição compulsiva, mas muito mais estão se
rebelando. A dança erótica da encenação de papeis, o ritmo da escravidão, a dominação
masculina e submissão feminina, um velho ritmo, de fato, mas não natural.
Notas:
1. Veja Alderson, Lyn e Wistrich, Harriet (1988). ”Cláusula 29: Perspectivas Radicais Feministas?. Em
Apuros e Conflitos. No. 13. PP. 3-8. 1. (Durante a passagem a Seção 28 se torna, em um ponto, Cláusula
29.
Em 1987 houve uma conferência de estudos gays e lésbicos em Amsterdam, na qual o tema
era ”Essencialismo versus construcionismo social?. Isso parecia ser uma controvérsia que estava
pressionando aqueles que planejaram a conferência. A introdução dos papeis coletados afirma
”Há uma década há uma crescente controvérsia entre estudiosos gays e estudiosas lésbicas,
centrada entre duas teorias científicas rivais e suas implicações para a homossexualidade:
essencialismo e construcionismo.
2. Altman, Dennis et al (Eds.) (1989). Que Homossexualidade? Londres: Imprensa dos Homens Gays.
Introdução p. 6.
3. Campaign (1992). ”Nós Nascemos Para Ser Gay?? No. 199. p. 69. Outubro. Austrália.
4. Ibid.
5. Jo, Bev, Strega, Linda e Ruston (1990). Dykes Amam-Dykess. Oakland, California: Battleaxe. p. 168.
6. Ibid.
7. Wolf, Naomi (1990). O Mito da Beleza. Londres: Vintage.
8. Para uma descrição da minha decisão de tornar-me uma lésbica política, veja: Holdsworth, Angela
(1988). Fora da Casa de Bonecas. Londres: BBC Publicações. Minhas razões estão citadas nos capítulos 7 e 8.
9. Nestle, Joan (1988). Um País Restrito: Ensaios e Histórias Curtas. Londres: Sheba. p. 124.
10. Penelope, Julia (1984). ”Que Passado Estamos Reivindicando?? Vidas Comuns, Vidas Lésbicas. No. 13. p. 42.
11. Koertge, Noretta (1986). ”Butch Imagens? 1956–86.? In Éticas Lésbicas. Vol. 2. No. 2.
p. 103.
12. Ibid.
13. Austin, Paula (1992). ”Femme-inismo.? In Nestle, Joan (Ed.). O Desejo Persistente.
Boston: Publicação Alyson, p. 362.
14. Ibid. p. 363.
15. Ibid. p. 365.
16. Nestle, Joan (1992b). „My Woman Poppa.? p. 348.
17. Califia, Pat (1992b). „O Poema Femme.? p. 418.
18. MacCowan, Lyndall (1992). ”Re-coletando Historia, Renomeando Vidas: Estigma Femme e a Feminista dos anos
Setenta e Oitenta.? p. 309. In Nestle, Joan. p. 309.
19. Ibid. p. 311.
20. Loulan, JoAnn (1990). A Dança Erótica Lésbica. São Francisco: Spinsters. p. 193.
21. Ibid. p. 194.
22. Bolen, Jean Shinoda citada em Loulan, JoAnn (1990). p. 17.
23. Ibid. p. 20.
24. Ibid. p. 29.
25. Ibid. p. 43.
26. Veja o capitulo ”A Invenção da Mulher Frígida? no meu livro (1985). A Celibatária e Seus Inimigos.
27. Citado em Loulan, JoAnn (1990). p. 98.
28. Ibid. p. 49.
29. Ibid. p. 50.
30. Wieringa, Saskia (1989). ”Uma Crítica Antropológica do Construcionismo:
Berdaches e Butches.? In Altman, Dennis et al (Eds.). Que Homossexualidade? p. 215.
31. Loulan, JoAnn (1990). p. 48.
32. Ibid. p. 102.
33. Ibid. p. 102.
34. MacCowan, Lyndall (1992). p. 318.
35. Ibid. p. 323.
36. Raymond, Janice G. (1986). Uma Paixão para Amigas: Relativo à Filosofia da Afeição Feminina. Londres: A
Imprensa das Mulheres, p. 12. Boston: Beacon Imprensa.
37. Loulan, JoAnn (1990). p. 73.
38. Ibid. p. 76.
39. Veja meu capitulo (1989). ”Butch e Femme: Agora e Depois?. No Grupo de História Lésbica (Eds.). Não é Uma
Fase Passageira. Londres: A Imprensa das Mulheres.
40. Mushroom, Merrill (1983). ”Confissões de uma Butch Dyke.? Vidas Comuns, Vidas Lésbicas. No. 9. p. 43.
41. Loulan, JoAnn (1990). p. 203.
42. Davis, Madeline (1992). ”Epilogo, Novo Anos Depois.? In Nestle, Joan (Ed.) p. 270.
43. Istar, Arlene (1992). ”Femme-Dyke.? In Nestle, Joan (Ed.) p. 382.
44. MacCowan, Lyndall (1992). p. 306.
45. Ibid. p. 306.
46. Brown, Jan (1992). ”Sexo, Mentiras e Penetração: Uma Butch Finalmente “Admitem”.? Em Nestle, Joan (Ed.) p.
411.
47. Nestle, Joan (1992). ”Minha Mulher Papai.? p. 350.
48. Califia, Pat (1992). ”Gênero Fode Gênero.? Em Nestle, Joan (Ed.) p. 423.
49. Ibid. p. 424.
50. Jan Brown (1992). p. 413.
51. Nestle, Joan (1992). ”Minha Mulher Papai.? p. 349.
52. Scarlet Woman (1992). ”Role Sobre Mim e Me Traga uma Rosa.? Em Nestle, Joan (Ed.).
O Desejo Persistente. p. 352.
53. Brown, Jan (1992). p. 411.
54. Ibid. p. 412.
55. Ibid.
56. Franeta, Sonja (1992). ”Bridge Poem.? In Nestle, Joan (Ed.). The Persistent Desire.
p. 375.
57. Jo, Bev, Strega, Linda, and Ruston (1990). pp. 140–141.
58. Ibid. p. 139.
59. Ibid. p. 157.
60. Ibid. p. 147.
61. Ibid. pp. 150–151.
62. Ibid. p. 163.