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A Lésbica Essencial – Sheila Jeffreys – A Heresia Lésbica

A Heresia Lésbica
Capítulo 4 – A Lésbica Essencial
por Jéssica Akemi
Os ativistas gays liberais e as feministas lésbicas, nos anos 70, se opuseram à ideia de que a 
orientação  sexual  é  biológica.  Os  anos  sessenta  e  setenta  foram  décadas  importantes  para  o 
construcionismo social. Teoristas sociais se opuseram vigorosamente aos argumentos biológicos 
de inferioridade racial, diferenças de gênero e doença mental. É conhecido que as explicações 
biológicas  fornecem  as  bases  cientificas  para  os  manejos  sociais  conservadores.  Argumentos 
biológicos, argumentos na natureza, podem ser usados para afirmar a certeza e inevitabilidade 
da subordinação das mulheres, da desigualdade racial, da hegemonia heterossexual e das drogas 
e  instituições  para  aqueles  que  sofrem  de  doença  mental.  Nos  anos  80,  a  confidência  no 
construcionismo social foi embalada pela aderência de algumas lésbicas e homens gays à nova 
onda do  determinismo biológico para explicar a orientação sexual. Algumas teoristas lésbica s 
haviam até  começado a  definir  os papeis  de  butch/femme  e  masculinidade  e feminilidade  em 
suas formas estereotipadas como naturais, até inevitáveis, para lésbicas.
A crença na biologia veio, principalmente, de teoristas homens  gays. Isso, provavelmente, 
não surpreende, pois os ativistas gays não aderem ao slogan, ”Qualquer homem pode ser gay?. A 
política  tradicional  gay  masculina  continua  dependente  da  ideia  de  que  a  homossexualidade 
deve ser tolerada porque os homens gays não podem se ajudar. Eles são uma minoria oprimida 
biologicamente, ou se a biologia não for culpada, então há uma ”certa coisa?, ao menos, que fez 
os  homens  gays  inevitavelmente  diferentes.  As  lésbicas  frequentemente  se  abalavam  ao 
descobrir o quão profunda é a confiança dos homens gays com a biologia, por vezes, até mesmo 
naqueles  de  outra  forma  progressiva  política.  Quando  ensinando  estudos  gays  e  lésbicos  em 
uma  classe  noturna  no  começo  dos  anos  80,  eu  percebi  que  os  estudantes  homens  gays 
rapidamente  expressavam  alguma  crença  na  biologia.  A  maioria  das  estuda ntes  lésbicas 
expressava  completa  rejeição  pela  ideia.  Frequentemente,  as  lésbicas  já  haviam  sido 
heterossexuais,  esposas  e  mães,  e,  frequentemente,  nunca  haviam  pensado  que  amariam  uma 
mulher, até bem depois da adolescência. Uma explicação biológica não faria sentido em termos 
de suas experiências ou políticas. 
A diferença considerável sobre a biologia entre os homens gays ativistas e as lésbicas feministas
ficou evidente na campanha do Reino Unido contra a seção 28 da Ação Governamental Local 
de  1988.  A  proeminência  de  porta-vozes  gays  foi  à  televisão  para argumentar  que  a  emenda 
contra a ”promoção da homossexualidade? foi um disparate porque a homossexualidade é inata e 
não  pode  ser  promovida.  As  lésbicas  estavam  atônitas.  Isso  era  o  oposto  da  política  lésbica 
feminista  e,  julgando  pelo  debate  pela  emenda  na  Câmara  dos  Comuns,  parecia  que  eram 
precisamente esforços feministas lésbicos para promover o lesbianismo que estavam causando 
alarme nos legisladores conservadores. Parecia  haver uma política fundamental diferente aqui, 
e, ainda que alguns ativistas gays fossem críticos a essa posição biológica, eles não estavam  em 
ascensão [1]. 
Em 1987 houve uma conferência de estudos gays e lésbicos em  Amsterdam, na qual o tema 
era „Essencialismo  versus  construcionismo social?. Isso  parecia  ser uma controvérsia que estava 
pressionando aqueles que planejaram a conferência. A introdução dos papeis coletados afirma 
„Há  uma  década  há  uma  crescente  controvérsia  entre  estudiosos  gays  e  estudiosas  lésbicas, 
centrada  entre  duas  teorias  científicas  rivais  e  suas  implicações  para  a  homossexualidade: 
essencialismo e construcionismo. ? [2]. As lésbicas feministas estavam simplesmente perplexas que 
uma questão que elas achavam ter respondido vinte anos atrás ainda excitava interesse em 1987. 
O  fato  é  que  tal  questão  podia  ser  vista  como  suficientemente  importante  para  encenar  uma 
conferência inteira em torno da sugestão de que uma crença no essencialismo devia estar viva , e
em um lugar fora da comunidade lésbica feminista. Teoristas lésbicas feministas continuavam 
ocupadas  desafiando  a  instituição  da  heterossexualidade,  sugerindo  que  todas  as  mulheres 
podem  escolher  serem  lésbicas,  exceto  pelas  restrições  impostas  pela  heterossexualidade 
compulsória. Considerar se elas eram lésbicas essencialmente, não era uma questão. 
Nos  anos  90,  a  diminuição  do  construcionismo  social  na  comunidade  gay  continuava  em 
ritmo  acelerado.  Em  1991,  os  resultados  das  pesquisas  do  Dr.  Simon  LeVay,  caracterizado 
como um „gay ativista?, foram publicados nos EUA. LeVay estudou os neurônios dos homens 
gays  que  morreram  de  AIDS, e  dos  homens  que  não se  declaravam  gays  e  qu e  morreram  da 
mesma causa. Ele encontrou uma área minúscula do hipotálamo que era, em média, duas vezes 
maior em homens heterossexuais, do que em mulheres heterossexuais ou homens homossexuais. 
Ele  sugeriu  que  essa  variação  de  níveis  de  hormônios  antes  do  nascimento  „conectava?  o 
hipotálamo  à  heterossexualidade  ou  homossexualidade.  Desde  então,  outro  estudo  da 
Universidade  da  Califórnia  Escola Médica, aparentemente apoiava suas descobertas. LeVay vê 
seu  trabalho  como  realmente  positivo  para  o  fim  da  discriminação  contra  gays.  Ele  sempre 
acreditou que a homossexualidade era biologicamente determinada, e preparou-se para provar 
que  esta discriminação anti-gay podia ser combatida com  o fundamento  de  que  os gays  eram 
condenados pela natureza por seu comportament o, e que deviam ser tratados com misericórdia, 
como qualquer grupo que não pode ajudar a si mesmo.   Este é um velho argumento que recorda 
a  virada  do  século.  Esta  é  uma  ideia  que  morreu  duramente.  Mas  isso  não  se  adapta  à 
experiência  lésbica  ou  à  teoria  feminista  lésbica.  LeVay  ainda  não  havia  tido  acesso  aos 
neurônios  das  lésbicas,  mas  estava  convencido  que  encontraria  neles  semelhanças  com  os 
neurônios de homens heterossexuais em sua área crucial.
É significativo que LeVay também acredita que a biologia é  responsável pelas diferenças no 
comportamento  de  machos  e  fêmeas.  Ele  pensa  que  as  mulheres  são  verbalmente  mais 
competentes  que  os  homens,  e  os  homens  são  mais  competentes  espacialmente  do  que  as 
mulheres,  devido  à  diferença  nos  neurônios.  Ele  consegue  associar  estas  diferenças  nos 
neurônios com o fato dos homens gays serem ”menos fortes com a mão direta do que os homens 
heterossexuais?.    (Campaign, 1992) [3]. LeVay é claramente preparado para acreditar que  qualquer 
número de diferenças estereotipadas entre homens e mulheres são resultado da biologia, sem
qualquer  evidência  além  de  seus  próprios  palpites.  O  mais  preocupante  é  que  ele 
acredita  que  „os  impulsos  sexuais  masculinos  e  femininos  são  determinados 
biologicamente?. Uma visão fundamental da teoria feminista é a que o comportamento
sexual  masculino  é  aprendido,  e  não  natural.  Não  haveria  outra  forma  de  libertar  as 
mulheres da violência sexual. A sabedoria de LeVay sugere o contrário: 
Em  geral,  em  todo  o  reino  mamífero,  os  homens  são  mais 
promíscuos  que  as  mulheres.  Os  homens  têm  o  potencial  de 
serem pais de um  número  ilimitado  de filhos. Sai  mais barato 
para eles inseminarem uma fêmea, então  é do interesse deles ser 
tão  promíscuos  quanto  podem.  Para  uma  fêmea,  isto  é 
completamente diferente… Não há dúvidas em minha mente que 
esta  característica  é  determinada  biologicamente.  Há  algo  nos 
neurônios  de  machos  e  fêmeas  que  faz  com  que  sejam  assim. 
Agora, se você olha homens gays e lésbicas, esta característica 
não  é  revertida  pelo  sexo.  Na  verdade,  esta  característica  nos 
homens  gays  não  é  mais  restrita  por  falta  de  vontade  das 
mulheres  –  então,  o  céu  é  o  limite.  A  maioria  dos  homens 
heterossexuais  não  tem  tantas  relações  sexuais  quanto  querem 
porque as mulheres não deixam. [4]
Levay nos mostra que estes argumentos biológicos sobre ”genes  gay? podem nos conduzir 
diretamente a argumentos biológicos que justificam a opressão das mulheres.
É  preocupante  que  a  teoria  de  LeVay  venha  sendo  tratada  com  entusiasmo  por  algumas 
imprensas gays e ao menos com curiosidade simpática pelos outros. O retorno do essencialismo 
parece  estar  em  pleno  andamento.  As  feministas  foram  particularmente  hostilizadas  pelas 
explicações  biológicas  deterministas  porque  a  própria  ideia  do  feminismo,  a  possibilidade  de 
seu  nascimento,  depende  da  luta  contra  a  ideia  de  que  o  biológico  constrói  diferenças 
psicológicas entre os sexos. Após uma boa fundamentação de tal batalha não é possível para as 
lésbicas feministas serem otimistas quanto a explicações biológicas sobre a homossexualidade. 
Homens gays podem ser porque a liberdade deles como homens não depende da mesma forma 
do combate ao biologismo.
A  ”diferença?  das  mulheres  ou  a  feminilidade  foi  explicada  pela  teoria  lésbica  feminista 
como uma invenção masculina, e a submissão das mulheres à feminilidade como uma projeção 
nas mulheres das fantasias dos homens, ou como uma separatista coloca isso:
Os homens projetam nas fêmeas as próprias deficiências deles 
(covardia,  irracionalidade,  inanidade,  desonestidade,  traição, 
mesquinhez,  etc.)  e  empurram  para  as  fêmeas  uma  matriz  de 
maneirismos  femininos  inventados  pelos  machos  e  estilos  que 
encorajam  a  fraqueza,  dependência,  submissão  e  geral fuckability [5].
A  feminilidade tem sido  experimentada pelas lésbicas feministas simplesmente como uma 
brutal  restrição  da  liberdade,  como  tortura  do  corpo.  As  lésbicas  estão  mais  livres  para 
abandonar  estas  ordens  e  expressar  total  rejeição.  A  mesma  escritora  faz  a  feminilidade  soar 
bastante brutal:
    
…nós  somos  supostas  a  acreditar  que  é  natural  querer 
requebrar  em  cima  de  sapatos  de  pau,  o  rosto  mascarado  com 
produtos  químicos  fedidos  e  escabrosos,  unhas  compridas  e 
sangrentas, corpos operados dietaexercitados -depilados-plásticos, 
envoltos  em  vestidos  expositivos,  vozes  anormalmente  altas, 
gestos „?fofos?? e flertes agressivos, e a mente focada em agradar 
os homens a qualquer preço. [6]
Feministas  heterossexuais  demoliram  o  mito  da  feminilidade  efetivamente  também,  mais
notavelmente  Naomi  Wolf  no  Mito  da  Beleza [7].  Ela,  tal  como  outras  teoristas  feministas 
anteriores a ela, mostra o quanto a indústria  fashion  e da beleza levam as mulheres a causarem 
grandes  danos  a  seus  corpos,  e  até  a  passarem  fome  até  a  morte  através  de  d istúrbios 
alimentares. O que é surpreendente é que a feminilidade venha sendo, atualmente, reintroduzida 
à cultura lésbica como uma nova e revolucionária possibilidade erótica.
Nos anos 70, lésbicas feministas, nas quais eu me incluo, usavam crachás dizendo „Qualquer
mulher pode ser uma  lésbica?  e  nós acreditávamos  nisso. Acreditamos nisso  não só por bons 
motivos políticos, tal como nossa resistência a teorias biológicas de comportamento sexual e de 
gênero, mas porque, para muitas de nós, essa foi nossa experiência. Milhares de mulheres que 
nunca  consideraram  conscientemente  o  lesbianismo  como  uma  possibilidade,  deixaram  os 
homens e cometeram todas as suas energias emocionais e sexuais para as mulheres, e continuam 
cometendo  isso  hoje [8].  A  ideia  do  lesbianismo  político,  como  esse  fenômeno  é  geralmente 
chamado, foi polêmico todo o tempo. As lésbicas políticas foram acusadas por alguns de não 
serem lésbicas „reais?, pois elas eram vistas como voltadas às mulheres mais por razões políticas 
do  que  por  uma  determinação  vitalícia.  Mas  nenhuma  lésbica  feminista  teria  pensado  em 
argumentar  que  lésbicas  e  mulheres  heterossexuais  eram  simplesmente  duas  categorias 
biológicas distintas. 
Joan  Nestle,  a  principal  propagandista  da  nova  encenação  de  papeis  lésbicos,  afirma 
categoricamente  que  ”Eu  penso  que  a  frase  Toda  mulher  é  uma  Lésbica  em  potencial,  não  é 
mais  útil? [9].  Ela  diz  que  isso  era  simplesmente  um  ”dispositivo  retórico” ,  e  agora  é  hora  das 
lésbicas  e  mulheres  heterossexuais simplesmente reconhecerem suas ”escolhas” diferentes. As 
lésbicas  devem  agora  ”parar  com  o  bullying  em  mulheres  por  suas  posturas  sexuais,  para 
encerrar o assunto de que apenas Lésbicas fazem escolhas?. O ”bullying? que ela tem em mente 
provavelmente  compreende  o  excitante  trabalho  teórico  de  lésbicas  feministas,  tais  como 
Adrienne  Rich  e  Monique  Wittig,  que  analisam  a  heterossexualidade  como  uma  instituição 
política. Um novo feminismo que materializa as categorias sexuais do sistema sexual de 
supremacia masculina engatinhou até aqui sob a retórica da escolha. E para os pornógrafos da 
nova encenação de papeis, os terapeutas da encenação  de papeis, que esse novo essencialismo 
flui. Particularmente, isso não é surpreendente. Eu argumentarei aqui que na raiz da crença na 
encenação de papeis há, inevitavelmente, uma fundação essencialista.
A feminilidade e a masculinidade retornaram à comunidade lésbica no contexto de reabilitar 
o jogo de papeis do começo dos anos 80. Ainda que houvessem lésbicas não afetadas por tais 
desenvolvimentos, a diminuição do fetichismo de gênero nos anos 60 e o impacto do feminismo
providenciaram uma libertação para muitas das lésbicas que previamente usaram tais papeis. 
Julia Penelope é uma teorista lésbica que escolheu abandonar a encenação do papel de  butch. 
Ela estava horrorizada em ver uma revalidação e em 1984 ela atacou a nova encenação de 
papeis de uma perspectiva feminista radical forte e clara.
O impulso de reviver os rótulos ?butch’’e „?femme? e injetar 
alguma honorabilidade em seus significados (embora 
tardiamente) falando sobre ?sentimentos viscerais??, ?intuições??
e ?poder? é a manifestação lésbica da ala backlash da direita 
contemporânea e, além disso, encorajada pela nostalgia dos anos 
50 ”Dias Felizes?), e a ilusão de segurança que temos ao voltar ao 
que imaginamos ter sido ”dias melhores? (geralmente porque
não vivemos neles), e falar sobre ?recuperar nossa herança? [10].
Como Penelope aponta, a nova encenação de papeis foi legitimada com recursos da história 
lésbica, geralmente dos anos 50.
Outra lésbica que abandonou o papel de butch explica que ela definia-se nos anos 50 como 
uma butch e aspirava ser uma ”Grande Butch Má”, que via as femmes como ”muito menininhas 
ou inadequadas para serem butch”. Ela ficou assombrada por qualquer lésbica hoje poder ”alegar 
ignorância dos elementos de  ódio às mulheres que permearam as tradicionais identidades butch-femme”.
É fácil sentir nostalgia pelos bons e velhos, maus e velhos 
tempos… Há uma emoção em conquistar. Há uma emoção em ter 
poder sob alguém, seja literalmente ou figurativamente. Mas, 
para mim, estes velhos papeis eram terrivelmente deformados, e 
levou muito tempo para que eu me libertasse de suas garras [11].
Ela explica que a rigidez dos papeis foi aliviada pelos „anos 60 hippie?, que permitiam 
homens ter barba e cabelo comprido. Mas o que ela descreve como o “grande avanço” veio com 
o Movimento de Libertação das Mulheres, através do qual ela aprendeu a “combinar a força e a 
sensibilidade, e a ampliar seus conceitos de sexualidade e sensualidade”. Ela conclui:
Neste ponto parece louco por em risco este caráter pelas 
emoções baratas de jaqueta preta de couro e vestidos de boneca… 
Nós não temos mais qualquer desculpa para deixar a cultura 
popular punk definir para nós o que é sexy, o que é romântico, 
pelo que vale a pena viver [12].
Mas a busca de „emoções baratas? através da encenação de papeis através da comunidade 
lésbica brotou nos anos 80 e 90 e, de fato, colocou em risco a sobrevivência da crítica lésbica 
feminista da masculinidade e feminilidade. A imitação do sistema político de classes  da 
heterossexualidade demonstra uma exatidão impressionante na recente literatura de encenação 
de papeis. Os encenadores não vêem humor em seu projeto, mesmo em suas manifestações mais 
improváveis, talvez porque o humor iria perfurar o rumor abrasivo, o que é suposto que seja o 
principal benefício do mesmo. O Desejo Persistente, uma encenação de papeis de antologia, 
editada por Joan Nestle, revela a extensão extraordinária que os promotores da encenação de 
papeis são preparados para passar em sua imitação de alguns dos aspectos da heterossexualidade 
mais politicamente opressores. Os propagandistas da encenação de papeis rejeitam qualquer 
sugestão que suas práticas podem ser politicamente construídas
e derivadas da opressão da mulher.
Um artigo de Paula Austin, uma ”negra que se identifica femme?, dá um quadro 
representativo do modo que essa encenação de papeis imita a antiquada heterossexualidade. 
Austin percebeu que é uma femme  enquanto estava em um relacionamento com uma lésbica 
chamada Rhon. Austin opina que ”Eu estava convencida que ela havia escondido, em algum dos 
recessos de sua calça, um pênis? [13]. Rhon é atraente por ser ”durona, a dyke mais durona com 
quem já estive?. Sobre outra amada Buddy, ela escreve „Eu amo a dureza, o rústico de poder e 
violência, a força, o indício de ser possuída? [14]. Austin confessa uma angústia sobre sua ”femmenilidade” e se isso é politicamente correto, mas claramente decide ignorar suas preocupações. 
Essa é sua descrição de sua ”femme-nilidade”:
Ser uma femme, para mim, significa vestir uma saia curta e 
apertada, cinta-liga e salto alto quando vou sair.  Isso significa 
parar na frente do espelho, passar rímel e batom marrom 
avermelhado. Isso significa comprar uma blusa de corte baixo 
para revelar um pouco de decote algumas noites. Isso significa 
sorrir, ou às vezes fazer beicinho quando minha mulher coloca 
seu braço em volta da minha cintura e com a outra mão vira meu 
rosto para beijá-la. Isso significa sussurrar, “Eu sou sua, me 
possua” quando fazemos amor. Isso significa sentir-se sexy [15].
Esta, tal como outras descrições da nova encenação de papeis, tem uma característica Mills 
and Boon. Mas o que é irônico é que entre as mulheres heterossexuais são rejeitadas como 
desigualdade de gênero. A geração de mulheres jovens heterossexuais encontraria tal material 
para uma audiência heterossexual francamente embaraçosa e até Mills and Boon estão tendo que 
vender levemente mais personagens igualitárias para os anos 90. O indício de poder e 
violência? que excita Austin  é provável que signifique abuso real na heterossexualidade e, 
frequentemente, significam o mesmo nas relações lésbicas também.
O modelo de relacionamentos de encenação de papeis descrito na antologia tem um sabor de 
vida rural, folclórica, operária, alma americana, heterossexualidade dos anos 50. Femmes 
recebem suas butches em casa depois de um dia difícil, geralmente realizando trabalho manual, 
mas às vezes uma ocupação profissional, e prosseguem a oferecer a elas conforto contra um 
mundo áspero. Como Nestle expressa isso, ”Quando ela vem pra casa por mim, eu devo 
acariciar as partes dela que foram desgastadas, tentando fazer o trabalho dela em um mundo de 
homens? [16]. Quem adivinha o que as femmes são supostas a fazer o dia todo, assar bolos? Então 
a femme é suposta a fazer sua butch sentir-se segura o suficiente para deixar ela ser vulnerável, 
revelada ao fazer amor, mas a masculinidade dela deve ser protegida: ”Eu sei como fazer amor 
ao/ Seu corpo de mulher/ Sem levar sua masculinidade embora” [17]. O papel de femme, como esse 
da dona de casa tradicional, é para nutrir o poder de sua butch, então ela pode manter seu lugar 
na classe dominante masculina e seu poder sob ela.
Embora isso possa parecer muito perplexo de uma perspectiva feminista, a idealização das
dinâmicas precisas de poder que mantêm as mulheres subordinadas e abusadas através de 
relacionamentos heterossexuais é vista como positiva pelos novos encenadores de papeis. Mas 
então eles parecem ter afirmado uma declaração de independência do movimento feminista. 
Alguns repudiam o seu antigo feminismo, outros dizem que nunca foram feministas. Lyndall 
MacCowan, uma femme, explica em O Desejo Persistente que ela nunca se identificou como 
feminista ou como sendo uma mulher. Ela diz que quando ela saiu do armário na década de 
setenta:
Isso seria herético, então, como isso continua sendo agora, ser 
uma lésbica e declarar que o feminismo tem um significado 
pequeno para mim –  imagine tentar ser uma ateísta na Europa 
central do século XIV. Ainda que tal afirmação seja verdadeira, e 
seja importante dizer isso, porque o feminismo veio para ofuscar 
o significado do lesbianismo. Não é que eu não acredite que as 
mulheres são oprimidas, mas eu nunca fui capaz de me identificar 
com esse grupo abrangente “mulher”. Eu nunca estive perto de 
ser oprimida como uma mulher como eu sou como lésbica. [18]
MacCowan afirma que ser uma lésbica significa “saber que não sou uma mulher” [19]. Ainda 
que ser uma lésbica femme, atualmente, sujeite ela diretamente à opressão da mulher. Paula 
Austin escreve sobre a dificuldade de ter que sofrer assédio sexual dos homens por parecer uma 
mulher heterossexual e pode-se  imaginar que MacCowan, que favorece um traje similar, teria o 
mesmo problema.
Declarações raivosas sobre o comportamento autoritário e bullying de feministas lésbicas 
entre aquelas de categorias como MacCowan ou JoAnn Loulan, que realmente queriam ser 
femmes, são comuns na literatura de encenação de papeis. Esta abordagem  as alivia da 
responsabilidade de terem conscientemente adotado ideias feministas nos anos 70.  Ao invés de 
realmente terem sido vitimas silenciadas quando estavam no movimento lésbico feminista, é 
provável que elas simplesmente mudaram suas mentes para se adaptarem ao fashion do 
backlash conservador.
Está nas explicações oferecidas pela encenação  de papeis que o essencialismo por trás da 
ideologia butch/femme é uma explicação biológica mais clara e sem rodeios que não é 
geralmente sugerida, embora esteja retornando em algumas áreas. Loulan sugere que a 
homossexualidade é hereditária, uma ideia abandonada até pela maioria dos sexólogos, uma vez 
que os psicanalistas se popularizaram antes da Segunda Guerra Mundial.
Algumas de nós apenas nascemos dessa forma. Isso é 
provavelmente genético: homossexualidade acontece fortemente 
em algumas famílias. Eu conheço uma mulher que tem seis 
irmãos e irmãs e todos, menos um, são gays [20].
Ela diz que ”nós podemos contar” com histórias de homossexualidade acontecendo em 
famílias ”para provar que sim, um dos componentes é nosso DNA? [21]. Pode parecer 
surpreendente o fato da vasta maioria de lésbicas e homens gays ter pais heterossexuais não 
abalar o recurso do argumento hereditário. É interessante que ela quer usar uma combinação de
explicações usando tanto a genética para uns quanto a ”escolha? para outros. A variedade 
genética é aparentemente identificada por si própria, se você diz que você é genético, então você 
é. Esta combinação é reminiscente da velha ideia sexológica de que os homossexuais são 
divididos em invertidos e pervertidos. Invertidos eram os congênitos que não podiam se ajudar e 
isso merecia simpatia, e os pervertidos haviam escolhido deliberadamente serem maus. 
Interessante este pensamento de alguém como Loulan, que  teve uma queda pelo feminismo nos 
anos 70, e mudou tão facilmente para a sexologia tradicional. Isso sugere um conservadorismo 
profundo e enraizado que a experiência dela no feminismo não foi capaz de alterar. Loulan tem 
aflições em sugerir que toda a homossexualidade é genética porque ela está consciente que isso 
pode ser usado para sugerir um „defeito genético? e ela não pensa que o lesbianismo é 
”patológico”. 
Na explicação da encenação de papeis, Loulan opta por uma explicação psicológica em 
termos de arquétipos. Ela diz que as lésbicas têm certos arquétipos enterrados profundamente 
em seu inconsciente coletivo que não pode ser discutido. Cada um é “uma imagem que 
determina reações comportamentais e psicológicas inconscientes” [22]. A encenação de papeis 
então, não é o resultado de um determinismo biológico, mas psicológico. Os arquétipos lésbicos 
mais comuns são ”os conceitos de butch  e femme  e, recentemente, andrógino também” [23]. A 
encenação de papeis arquétipos é aparentemente tão determinante que todas as lésbicas estão, de 
alguma forma, conectadas à encenação de papeis, mesmo que não admitam isso. Ela descreve 
„esse erotismo lésbico de butch e femme? como algo que cada uma de nós está conectada, que 
cada uma de nós foi feita para negar, rebaixar, e envergonhar-se…” [24]. Isso deixa aqueles que 
permanecem querendo negar isso  em uma espécie de falsa consciência. O público dela tende a 
estar neste estado ignorante. Ela diz que quando ela pergunta ao público se eles já se 
classificaram em uma escala butch/femme, 95% diz que sim, mas quando ela pergunta se a 
encenação de papeis é importante para elas, 95% diz que é ”insignificante em suas vidas” [25]. A 
única explicação, para Loulan, é que 95% das lésbicas estão  negando e é o triste dever de 
Loulan tentar abri-los para os prazeres da encenação de papeis. Sexólogos tradicionalmente 
retomam tais incríveis responsabilidades e não recuam da ideia de ter que mudar o 
comportamento sexual das mulheres em massa para ajustarem a essas prescrições.[26]
Joan Nestle, em uma palestra de 1985 sobre encenação de papeis, ofereceu uma versão da 
teoria de arquétipos. Ela diz que quando conheceu uma butch ela experimentou „algum tipo de 
básica e pré-histórica previsão uma da outra?[27]. Outra participante da palestra, Jewelle Gomez, 
assegurou que a encenação de papeis é natural e inevitável. Ela vê butch e femme como 
representando os ”dois pólos que a natureza presenteia a cada um de nós? [28]. Como evidência ela 
apresenta a sabedoria popular do yin e yang da religião oriental. Ela considera que essa 
sabedoria popular se perdeu na religião puritana da Europa Ocidental, que fez com que as 
pessoas esquecessem que „há dois lados dentro dos indivíduos?. Provavelmente, o feminismo,
que questionou a sabedoria popular de todas as ideologias patriarcais sobre a natureza essencial 
de gênero, compartilhou deste trágico esquecimento. Este essencial dualismo, ela descreve 
como ”um principio natural, um princípio natural, psicológico, biológico, emocional e 
fisiológico?[29]. Isso não deixa muito espaço para opositores conscientes.
Também há lésbicas acadêmicas, como terapeutas sexuais, envolvidas em promover o novo 
essencialismo da encenação de papeis. Saskia Wieringa é uma antropóloga que reivindica que
cometeram o erro, devido a uma consciência feminista, de ver a cultura ocidental de 
butch/femme como „bastante ultrapassada?. Então ela experiment ou a cultura bar lésbica de 
Jakarta e Lima e percebeu o „quão estreito meu próprio, então chamado,  lesbianismo político
era?[30]. A descoberta de alguma coisa similar à encenação de papeis ocidental em outras culturas 
convenceu ela da pobreza da abordagem construcionista social do lesbianismo. Ela determinou 
que fatores psicobiológicos devessem estar envolvidos. A existência da encenação de papeis em 
outras culturas fora do ocidente podia ser usada para suportar a abordagem feminista 
construcionista social. Se a encenação de papeis lésbica é relacionada à encenação de papeis 
heterossexual, então seria de se esperar que isso fosse particularmente forte nos períodos e 
culturas onde a diferenciação de cada gênero foi forçada mais estritamente dentro da 
heterossexualidade. Isso pode explicar a cultura bar de Jakarta e Lima mais facilmente do que a 
invenção de alguma essência da encenação de papeis.
Explicações feministas da encenação de papeis que vinculam isso aos papeis de sexo da 
supremacia masculina são severamente rejeitadas por seus proponentes. Loulan atribui a ideia 
feminista de que a encenação de papeis lésbica é „imitação dos papeis macho/fêmea? ao ódio
próprio das lésbicas, nosso medo que as lésbicas sejam tão inferiores quanto na versão da 
heterossexualidade. Ela diz que „em algum lugar, em nosso mais profundo eu homofóbico, nós 
concordamos que as lésbicas são uma versão substituta do modelo heterossexual?, quando na 
realidade ”butch e femme  nao têm nada a fazer com o macho e fêmea? [31]. A encenação de papeis 
é ”algo profundamente feminino? que, ao invés de derivar de macho/fêmea, deriva de alguma 
outra raiz, um arquétipo ou principio  dos quais tanto os papeis macho/fêmea quanto os papeis 
lésbicos derivam, um dualismo na natureza. Isso significa que ao invés de i mitar o original 
heterossexual, as lésbicas adquirem seus papeis independentemente e da mesma fonte natural
que os homens e mulheres adquirem. É um pouco surpreendente então que o grande dualismo 
original na natureza seja tão especifico sobre quem aspira e quem expira, mas parece ser assim. 
Essa é a descrição de Loulan da ”energiafemme?:
Uma certa leveza, um certo brilho, um certo interesse  em cada 
pequeno detalhe sobre o que minha melhor amiga disse à pessoa 
que ela conheceu na mercearia. Uma ligação com colunas de 
fofocas cheias com pessoas que eu não conheço e nunca 
conhecerei [32].
Provavelmente, lésbicas que sofrem  de depressão não podem ser femmes, uma vez que elas 
carecem do brilho requerido. As entrevistadas da pesquisa dela que se identificaram como 
femmes irritaram  Loulan por serem  „mais prováveis de iniciar a limpar e decorar a casa, cuidar 
das crianças, organizar atividades sociais e fazer a verdadeira socialização? [33]. Ela nota que esses
são também papeis macho/fêmea. Isso pode até sugerir que  a femmeness tem algo para fazer 
com a subordinação feminina aprendida mais do que os grandiosos arquétipos no céu.
Lyndall MacCowan afirma que a masculinidade e a feminilidade na heterossexualidade são 
apenas dois gêneros, e realmente pode  haver algo mais. Butch e femme são gêneros também, 
”gêneros lésbico-específicos? e parte da variedade potencialmente grande. Ela acredita que 
”Sistemas de gênero são uma cultura universal? e não é verdade que „um sistema de gênero 
sempre implica em sexismo e homofobia? [34]. O gênero é apenas opressivo se limitado em uma 
sociedade particular de dois e ”rigidamente correlacionados? com o sexo biológico. De acordo 
com esta interpretação incomum  do gênero como simplesmente uma categoria corroída, ela vê a 
„androginia? como um gênero lésbico também. Claramente, encenadores de papeis devem 
repudiar uma análise feminista de gênero se eles tiverem respeito próprio e acreditarem que são 
jogos inofensivos. Então, eles buscam procurar confusão sobre o que o gênero é.
Uma análise feminista veria o gênero como sendo uma categoria política. Na verdade, uma 
classe política, na qual os seres humanos são colocados de acordo com a sua posse ou não de 
um pênis. Estes que possuem a forma do gênero masculino, não simplesmente por uma 
interessante categoria erótica, mas pela classe de papeis no sistema de opressão chamado 
supremacia  masculina, no qual as mulheres estão sofrendo e morrendo. A diferença de poder 
entre as duas classes de gênero é erotizada para ser entendida como sexo sob a supremacia 
masculina. Portanto, para muitos, para fazer sexo eles precisam ter um gênero e relacionar-se 
com alguém do gênero oposto. „Gênero? como um modo de estímulo sexual é diretamente 
derivado do gênero como mecanismo de regulação do sistema de classes da supremacia 
masculina. MacCowan termina sua peça dizendo que é ”tempo de reivindicar o direito de foder 
com o gênero? [35]. Mas é difícil ver como a repetição servil do papel do feminino no qual uma 
mulher tem sido educada, tentando viver como uma heroína Mills and Boon, é „foder? com tudo, 
de qualquer forma. E as oportunidades para as mulheres heterossexuais para „foder? parecem 
ainda mais limitadas. Se elas praticarem a feminilidade, ninguém notará, e se praticarem a 
masculinidade, elas podem encontrar alguma oposição dos homens. 
Lésbicas feministas que se opõem à encenação de papeis são chamadas „andróginas? na 
literatura de encenação de papeis. As lésbicas feministas, geralmente, não usam esta palavra 
para aplicar a si mesmas porque não significa a eliminação da masculinidade e f eminilidade, o 
que é o projeto feminista. Androginia representa a combinação de masculinidade e feminilidade 
em uma pessoa. Janice Raymond vê a ideia da androginia como fundamental para justificar a 
heterossexualidade como instituição política: 
    
…realidade-hetero e relações-hetero são construídas no mito 
da androginia. „?Tu, como uma mulher, deve unir-se a um 
homem?? para cumprir o suposto propósito cósmico de reunir o
que foi misticamente separado em macho e fêmea. Argumentos 
que suportam a primazia e prevalência de relações heterossexuais 
são, de algum modo, baseados na polaridade cósmica de machofêmea na qual as metades perdidas procuram ser reunidas. [36]
Androginia é um conceito que feministas lésbicas rejeitam. Não pode ser por acidente que, 
por isso, as encenadoras de papeis usem isso para referirem-se às feministas. Elas procuram 
desenhar aqueles que especificamente rejeitam e procuram desmantelar o gênero dentro de seus 
papeis venenosos. Loulan chama o projeto feminista de demolição de hierarquias de Poder e 
procura por igualdade de ”imperativo andrógino?[37]. Ela está, particularmente, desconsiderando 
qualquer propósito de igualdade em relações sexuais.
A lésbica que adere ao imperativo andrógino idealiza um 
relacionamento que não possui diferenças de poder… Não há 
qualquer jeito de manter um relacionamento de qualquer tipo livre 
de poder. O fato de haver duas pessoas trocando energia significa
que elas estão passando poder para frente e para trás. [38]
Estas são as excitantes possibilidades eróticas oferecidas pelas diferenças de poder 
introduzidas ou formalizadas nos relacionamentos lésbicos através da encenação de papeis que 
explicam  esta nova popularidade. Isso não deriva da natureza, imperativo psicológico ou 
tradição. As novas encenadoras de papeis apelam para a história lésbica para legitimar suas 
práticas, como se elas estivessem simplesmente continuando uma tradição honorável. Eu 
argumentei em outro lugar que esta procura por reabilitar a encenação de papeis nos anos 80 
estava acontecendo por diversas razões, especificamente, as eróticas. [39] A nova encenação de 
papeis é uma variedade do recente sadomasoquismo moderno. Isso não se assemelha à 
contrapartida histórica porque os papeis de gênero explodiram pela teoria feminista e não eram 
mais compulsórios, certamente, não por aquelas que agora estavam promovendo eles que são 
bem versados em tal teoria. A repressão política dos anos 50 fez da encenação de papeis uma 
força de proteção quando uma de um casal lésbico pode ”passar? pela rua, e ser difícil para 
algumas lésbicas pensarem além da diferença de gênero por causa da propaganda abafada das 
esferas separadas e diferença das mulheres que impregnou a década. As décadas de 80 e 90 são 
um tempo diferente. Uma avançada pesquisa feminista crítica da heterossexualidade de Jill 
Johnston a Adrienne Rich e Monique Wittig decifrou o vazio da heterossexualidade tradicional 
e nomeou isso como uma instituição de controle político da mulher. Uma imitação das leis desta 
instituição não podia ser realizada fora da ignorância nos anos 80 por aqueles que estavam 
impregnados na teoria feminista.
A encenação de papeis na década de 80 é pornografia suave comparada com a pornografia 
hard core de lésbica S/M. Isso providencia a emoção da erotizada diferença de poder sem os 
extremos de violência e vulgaridade. Merrill Mushroom descreve as vantagens da encenação de 
papeis usando os lemas do S/M, tais como vulnerabilidade, confiança e poder.
As dinâmicas básicas de butch-femme referem ao envolvimento 
de poder, confiança, vulnerabilidade, ternura e carinho. Quando 
eu, como uma butch, pedia a minha amada ”Dê isso para mim, 
baby, agora?, indo o mais profundo dentro dela quanto eu podia 
penetrar; e ela se solta completamente fluía para mim… Algumas 
vezes eu quero que ela me tenha naquele instante, e então eu a 
seduzo como uma femme seduz uma butch – seduzo ela a me ter 
ao invés de querer que eu a tenha. Algumas vezes a própria butch
dela vai dominar, e ela vai Ter Seu Jeito comigo, e eu vou deixar. [40]
Mushroom permanece vendo a si mesma como uma butch, apesar de uma troca de papel um 
pouco controlada. As desvantagens da encenação de papeis foram esquecidas nessa nova versão 
na qual é suposta a ser mais apenas um jogo do que de verdade. Há outras razões para a 
revitalização da encenação de papeis. Lésbicas querem descrever os problemas em seus 
relacionamentos, particularmente em torno da sexualidade, e na falta de uma linguagem 
feminista, agora que esse feminismo é tão desprezado e descartado, a linguagem  da encenação 
de papeis parece útil.
A terapeuta sexual JoAnn Loulan, em seu livro A Dança Erótica Lésbica, expressa que sua 
visão da encenação de papeis é sobre a construção de categorias corroídas. Butch/Femme para 
ela é sobre como escolher uma parceira sexual e o que fazer com elas.  Para ela, o lesbianismo é 
uma prática sexual e esta prática sexual, por ela mesma, ao fazer isso, que faz o lesbianismo 
revolucionário. A crítica feminista da encenação de papeis é referida pelos propagandistas como 
lesbianismo „dessexualizado?. Loulan nota que ela „não pode deixar de comentar sobre a 
dessexualização da nossa cultura? [41]. Contribuintes de O Desejo Persistente produzem o mesmo 
argumento. Madeline Davis observa:
    
Frankly, eu não entendo não ter papel identificado. Claro, eu 
acredito quando elas dizem que não são, mas tudo isso me parece tão „o 
mesmo? para mim,  e um tipo chato. Elas estão tão ocupadas pegando 
nas mãos e remexendo e cantando sobre ?encher e transbordar? [42].
Arlene Istar reclama sobre o feminismo, ”Nós temos limitados nossas opiniões sobre 
dessexualizar nossa comunidade? [43]. Lyndall MacCowan explica que „butch  e femme são 
construções de gênero que surgem de uma definição sexual de lesbianismo? [44] e que ”Butch e 
femme foram feitas invisíveis porque a sexualidade lésbica foi feita invisível? e prossegue numa 
rejeição explícita da temeridade do feminismo lésbico  em dar ao lesbianismo um significado 
político.
É hora de dizer explicitamente que a análise lésbico-feminista 
vincula a opressão das mulheres com o gênero, papeis de sexo, 
sexualidade, e a orientação sexual é tanto simplista quanto incurável, e 
sobrevive a habilidade para abastecer um movimento para a libertação 
de mulheres – não apenas lésbicas. [45]
A sexualidade da encenação de papeis, como demonstrada em coleções tais como O Desejo 
Persistente, imita a felação heterossexual clássica e relações religiosamente a fim de realizar o 
potencial dessas práticas para satisfações sadomasoquistas. Uma butch prestativamente explica 
a excitação de penetrar para ela: ”… foder entre iguais é impassível… Quando nós fodemos, nós 
possuímos. Quando nós somos fodidas nos tornamos a posse? [46]. Joan Nestle descreve ser fodida 
com um dildo, ”… ela desce e desliza o pênis em mim… ela começa a mover seus quadris em 
empurrões curtos e fortes? [47]. Pat Califia tem um poema na coleção sobre ela querer ter um pênis 
com linhas como ”Imagine o  dilatado e rígido comprido/empurrado dentro de você,? ”Fodendo 
você até eu chegar/ Ficando em você até eu ficar duro novamente? [48]. As palavras usadas para 
foder no poema são ”empurrar, introduzir e arquear?, „furar?, „machucar, preencher e perfurar 
em você? [49].
Mais surpreendente que a imitação das relações sexuais brutais é a prática da felação. Ou 
seja, o ato da felação em um dildo. Jan Brown explica que a razão para esta prática é que é essa 
a definição da dominação e submissão. ”Isso é sobre o estímulo de dominar, ter e degradar. Isso 
é sobre a feroz necessidade  de submeter. De servir a alguém? [50]. Nestle também descreve a 
felação. Para que não careçam do potencial erótico para a mulher amarrada nisso, Nestle inventa 
uma variação. ”Eu tomo uma das mãos delas e envolvo em torno da base, então ela pode sentir 
meus lábios como eu movo nela… lambendo o pênis de lavanda? [51].
As práticas de encenação de papeis, descritas na determinação delas em imitar o sexo 
heterossexual tradicional, inclui violência não consensual. O poema acima de Pat Califia sobre 
perfurar e machucar também menciona o alcoolismo e violência da butch. Scarlet Woman 
escreve sobe o que poderia em um contexto heterossexual ser passível de algumas jurisdições 
pela acusação de estupro marital. A mulher acorda ”Debaixo de mãos rápidas, alarmada em 
excitação instantânea? e ”Você move mais rápido do que posso acreditar? enquanto ”Meu 
cérebro está dormente? [52]. Mas isso é representando como aceitável porque a vítima fica excitada 
no decorrer do evento. Talvez não seja surpreendente que quando as dinâmicas da 
heterossexualidade são imitadas nas dinâmicas de atividade e passividade, então o estupro é 
provável de se tornar uma possibilidade real entre mulheres.
É um segredo aberto entre proponentes do sadomasoquismo lésbico que a sexualidade da 
crueldade é vinculada ao abuso sexual de crianças. Praticantes defendem o S/M afirmando que é 
esse o único modo que elas podem experimentar o prazer sexual porque seu abuso amarrou 
abuso e prazer tão rigorosamente juntos que para elas qualquer possibilidade de um erotismo de 
igualdade está impedida. Dos escritos das encenadoras de papeis isso parece bastante claro que 
há ligações similares entre a compulsividade  da prática do S/M moderado e a opressão das 
mulheres. Jan Brown, em The Persistent Desire nos diz que ela trabalhou como uma prostituta 
de rua na década de 70. Como uma butch adulta, ela nos diz que ela e suas amigas encenadoras 
de papeis mentiram para as feministas para tentarem fazer suas práticas sexuais parecerem 
respeitáveis. „Nós explicamos a elas que mesmo que muitas de nós pudessem masturbar em 
estupro coletivo, torturar, papai em nossas camas, e outras imagens inegavelmente incorretas, 
mas não era nada de se perder o sono? [53]. Elas enfatizaram a diferença entre a fantasia e a 
realidade, e que elas estavam no controle de suas fantasias. Mas ela diz, „nós mentimos?. Na 
verdade, a falta de controle que é atraente. O poder das fantasias mente:
    
…na  luxúria  de  ser  dominada,  forçada,  machucada,  usada, 
objetificada.  Nós  masturbamos  o  estuprador,  o  Hell’s  Angel
[motociclista], o papai, o Nazi, o policial, e todas as outras imagens que 
não  havia  nada  a  fazer  com  o  tipo  de  sexo  lésbico  que  implica 
murmúrios de carinho, acariciamento de seios, e longo e lento trabalho 
de língua. E, sim, nós também sonha mos em tomar. Nós sonhamos com 
o sangue  em nossas  mãos, em rir com  os choros de  misericórdia. Nós 
vestimos o uniforme e a arma; nós arrastamos nossos pênis para fora de 
nossas  calças  para  dirigir  a  um  corpo  relutante.  Algumas  vezes, 
queremos  dar as mãos à  estrangulada. Algumas  vezes, nós precisamos 
ter um pênis tão duro quanto verdadeiro entre nossas pernas, para ter a 
liberdade  de  ignorar  o  „?não??  ou  para  ter  nosso  próprio  „?não?? 
ignorado. [54]
Brown explica que as fantasias surgem diretamente da opressão das mulheres porque ”muitas 
de  nós  tem  graduação  na  universidade  de  autodestruição?.  Elas  são  ”sobreviventes  das  ruas, 
sobreviventes de incesto?, viveram com ”namorados abusivos? ou ”abusavam de substâncias? e 
”mantinham muitos tipos de cicatrizes?. Mas o sexo que é crueldade erotizada é a salvação delas 
e ”nos  mantêm  vivas  –  fora das prisões  e  enfermarias trancadas,  relacionamentos abusivos,  e 
probabilidade  de  brigas  ruins  em  bares? [55].  Brown  explica  bastante  diretamente  o  quanto  a 
encenação de papeis erotiza a verdadeira experiência material da brutalidade.
Um  poema  em  Leitora  Femme-Butch  cria  o  mesmo  ponto.  A  narração  poética  de  Sonja 
Franeta explica que ela ouvia os sons de seu pai batendo e abusando de sua mãe e ”descobriu 
como limpar/a ferida diretamente  em mim? [56]. Ela estava batendo nela mesma. Mais uma vez,
erotizar a crueldade é visto como a solução na qual ”nossa dor se tornará prazer? e esse tempo  é 
expresso  em  cinto  de  fivela,  botas,  jaqueta  de  couro,  navalha  e  ser  ”forte?.  A  ideia  de  que  a 
sexualidade da encenação de papeis, como outras formas de S/M, é um tipo de ritual religioso 
de masoquismo que vai salvar ou compensar pela verdadeira dor é um refrão comum.
Não  são  apenas  encenadores  de  papeis  libertários  que  caem  na  falácia  essencialista.  Três 
lésbicas  radicais  separatistas,  moradoras  de  Oakland,  Califórnia,  que  têm  perspectivas 
inquestionavelmente feministas sobre sadomasoquismo e feminilidade, estão usando a ideia de 
butch  e  femme  de  modos  que  compartilham  alguns  das  implicações  mais  profundas  e 
problemáticas  da  perspectiva  libertária  que  nós  vimos  acima.  Bev  Jo,  Linda  Strega  e  Ruston 
atacam o que elas veem como opressão das  butchs  pelas femmes. Elas não veem  butch  e femme
como  categorias  eróticas,  de  qualquer  modo.  As  definições  delas  são  políticas.  Elas  veem 
butches como ”aquelas que, como garotas, rejeitaram a feminização, e recusaram-se a encenar o 
papel designado pelos homens para as mulheres? e femmes como ”aquelas que aceitaram o papel 
feminino,  em  vários  graus,  como  garotas? [57].  Elas  rejeitam  a  ideia  da  encenação  de  papeis 
inteiramente e acreditam que lésbicas devem se abster de qualquer comportamento „masculino? 
e ”feminino?. Mas elas acreditam que  butch  e  femme  são categorias que todas as lésbicas caem, 
sem exceção, que elas são as ”identidades de núcleo básico? que ”todas as Lésbicas têm? [58]. Elas 
perguntam ”É possível não ser Butch nem Femme? e respondem ”não? [59].
Elas parecem ter decidido usar o vocabulário  de  encenação  de papeis com a finalidade  de 
endereçar uma questão de significância política. Esta é a diferença na experiência entre lésbicas 
que sempre se viram como lésbicas e lésbicas que ”passaram? a adotar roupas femininas ou que 
se  assumiram  lésbicas  depois  de  algum  tempo  vivendo  como  heterossexuais  e  ganhando  os 
privilégios  que  as  lésbicas  de  há  muito  tempo  eram  incapazes  de  adquirir.  Elas  definem  as 
lésbicas que carregam o padrão da visibilidade lésbica como bravas heroínas da libertação das 
lésbicas, e como  butches. Joan Nestle, que vem de uma política muito diferente, faz o mesmo 
ponto. Realmente, a admiração  pelas  butches  visíveis, expressada pelas novas  femmes, parece 
emanar  de  alguma  culpa  compreensível  sobre  a  suposição  dos  privilégios  de  passagem. 
Femmes, como  muitas delas assinalam, são apenas visíveis quando nos braços de uma butch. Jo, 
Strega e Ruston têm uma abordagem diferente. Elas convocam todas as lésbicas a simplesmente 
abandonarem os privilégios de passagem e desistirem da feminilidade, então as ”butches? não 
sofreriam mais pela visibilidade delas. Esta é uma solução positiva lésbica mais dinâmica.
Mas o uso delas do vocabulário de encenação de papeis em situações nas quais dificilmente 
parece  apropriado  faz  enfraquecer  pontos  políticos  importantes  que  elas  estão  fazendo.  Para 
dizer que crianças a partir de dois anos fazem uma decisão de aceitar ou rejeitar a feminilidade, 
estão trancando elas mesmas em um sistema pelo que elas vão durante toda a vida oprimindo 
butches  ou sendo oprimidas como  butches, fazendo  ressaibo  do essencialismo. Isso aumenta a 
rigidez das categorias  butch/femme  e não permite mudanças. Elas procuram reverter o que elas 
veem  como  a  opressão  de  butches  pelas  femmes,  mas  ao  fazerem  isso,  criam  uma  nova 
hierarquia.  Butches, que elas veem como bastante raras, possivelmente 5 a cada 100 lésbicas, 
são ”muito mais próximas de nosso estado inato e natural?, de ser uma fêmea.  Femmes  nunca 
serão  capazes  de  tornarem-se  ”naturais?  e  então  são  relegadas  a  estarem  em  uma  categoria 
inferior  durante  toda  a  vida.  A  criação  de  tais  divisões  desnecessárias  não  pode  ajudar  na 
construção  da  comunidade  lésbica  feminista.  Duas  lésbicas  que  parecem  e  se  comportam 
identicamente,  ambas  em  blusa  xadrez,  jeans  e  botas,  podem,  de  fato,  de  acordo  com  esta 
análise, permanecerem em estados de categorias diferentes por todas as suas vidas.
De acordo com isso, esta análise de butches  e femmes  pode ser identificada pela cognoscente 
de observação, mesmo que elas não saibam o que elas são, ”Você pode geralmente dizer quando 
você  conheceu  alguém  pela  primeira  vez  se  ela  é  Butch  ou  femme? [60].  Algumas  pistas  para 
reconhecer  são  fornecidas  sob  o  título  de ”Uma  Lista  Honesta  Femme  de  AutoReconhecimento?.  A  femme  explica que  quando ela conhece  outras lésbicas, ela sente ”menor 
diferença  com  fêmeas?,  e  com  uma  butch  ela  sente  uma  ”barreira  potencial?.  Ela  sente  ela 
mesma ”movendo como uma  Fem, e automaticamente usando alguns gestos femininos? [61]. O que 
mais ela percebe é que ”ativistas feministas gostam de costurar, bordar, cozinhar, e outras coisas 
designadas ?trabalho de mulheres? sente que estas coisas que pertencem a ela e à ”esfera de 
ação? dela. Parece que o grande arquétipo no céu está em ação novamente.
O trabalho dessas três lésbicas também contém mais clara e convincente análise feminista tal 
como o de Linda Strega do movimento para a feminilidade na comunidade lésbica na década de 
80. Linda Strega chama a feminilidade lésbica de ”A Grande Definição?. Ela explica que outras 
lésbicas ”verbalmente atacaram? ela em aglomerações sociais sobre por que ela quis ”vestir um 
uniforme? [62]. Neste ataque social no que as lésbicas feministas sempre tenderam a usar, camisa e 
jeans, é o paralelo do ataque literário seguido pelas encenadoras de papeis, como Margaret
Nicholls. Como Strega pontua, aquelas que podem com mais justiça serem vistas como vestindo 
uniforme, são certamente as lésbicas que escolheram imitar a tradicional feminilidade designada 
pelos  machos.  De  alguma  maneira,  as  recentes  lésbicas  feministas  se  veem  como 
verdadeiramente  corajosas  por  mudarem  uma  pequena  fração  do  mundo  ocidental  que  não 
aplica a feminilidade compulsória em mulheres lésbicas feministas. Strega sugere que mais do 
que ser um ato de heroísmo, o retorno à feminilidade é sobre ”passar? para ganhar privilégio.
No fim dos anos 80, se tornou mais e mais difícil declarar que tal e tal mulher ”parece uma 
lésbica?. Protestantes lésbicas irritadas diriam que não há nenhuma coisa como „de que modo 
uma lésbica se parece?. Bem, como Strega, eu penso que não é assim. Há uma tradição histórica 
de lésbicas rejeitando a feminilidade de diferentes formas, e diferentes extensões, mas a rejeição 
da feminilidade tem sido, como eu sugiro, um tema comum. Lésbicas tendem a  declarar 
dignidade humana contra as indignidades sociais da feminilidade designada pelo macho. 
As lésbicas em discotecas feministas nos anos 70 e começo dos anos 80 não pareciam muito 
diferentes das lésbicas de discotecas tradicionais, camisa, camiseta e jeans predominavam, e 
cabelo curto. A estratégia política de parecer como lésbicas é mais do que apenas um desejo 
pessoal de estar aquecida, confortável e na posse de liberdade de ação, muito útil em um mundo 
onde homens atacam mulheres. Esta é uma estratégia importante para a criação da liberdade 
lésbica. No local de trabalho, em suas famílias de origem, na rua, lésbicas que „parecem como 
lésbicas?, e seus agressores sabem o que significa  estar em risco. Por mais que lésbicas e 
mulheres rejeitem a feminilidade, mais fácil se torna para outras mulheres escapar das normas 
femininas degradantes, e mais difícil se torna a discriminação contra lésbicas.
A nova encenação de papeis é o fundamentalismo do lesbianismo. Como o fundamentalismo 
em todas as religiões patriarcais, fundado sobre e designado para manter a opressão das 
mulheres através da aplicação da dominação masculina e submissão feminina, assim também é a 
encenação de papeis lésbica. Isso requer o mesmo embasamento próprio entusiástico das 
mulheres e alcança isso. Isso é explicado pela mesma mitologia de biologia ou yin e yang. A 
encenação de papeis lésbica precisa ser explicada como parte do muito grave, em todo o mundo, 
backlash contra a libertação de mulheres, na qual algumas mulheres são, assim, abraçando a 
opressão delas com obediência servil e repetição compulsiva, mas muito mais estão se 
rebelando. A dança erótica da encenação de papeis, o ritmo da escravidão, a dominação 
masculina e submissão feminina, um velho ritmo, de fato, mas não natural. 
Notas:
1.  Veja Alderson, Lyn e Wistrich, Harriet (1988). ”Cláusula 29: Perspectivas Radicais Feministas?. Em
Apuros e Conflitos. No. 13. PP. 3-8. 1. (Durante a passagem a Seção 28 se torna, em um ponto, Cláusula 
29. 
Em 1987 houve uma conferência de estudos gays e lésbicos em  Amsterdam, na qual o tema 
era ”Essencialismo  versus  construcionismo social?. Isso  parecia  ser uma controvérsia que estava 
pressionando aqueles que planejaram a conferência. A introdução dos papeis coletados afirma 
”Há  uma  década  há  uma  crescente  controvérsia  entre  estudiosos  gays  e  estudiosas  lésbicas, 
centrada  entre  duas  teorias  científicas  rivais  e  suas  implicações  para  a  homossexualidade: 
essencialismo e construcionismo. 
2.   Altman, Dennis et al (Eds.) (1989). Que Homossexualidade? Londres: Imprensa dos Homens Gays.
Introdução p. 6.
3.  Campaign (1992). ”Nós Nascemos Para Ser Gay?? No. 199. p. 69. Outubro. Austrália. 
4.  Ibid.
5.    Jo, Bev, Strega, Linda e Ruston (1990). Dykes Amam-Dykess. Oakland, California: Battleaxe. p. 168. 
6. Ibid.
7. Wolf, Naomi (1990). O Mito da Beleza. Londres: Vintage.
8. Para uma descrição da minha decisão de tornar-me uma lésbica política, veja: Holdsworth, Angela
(1988). Fora da Casa de Bonecas. Londres: BBC Publicações. Minhas razões estão citadas nos capítulos  7 e 8.
9. Nestle, Joan (1988). Um País Restrito: Ensaios e Histórias Curtas. Londres: Sheba. p. 124.
10. Penelope, Julia (1984). ”Que Passado Estamos Reivindicando??  Vidas Comuns, Vidas Lésbicas. No. 13. p. 42.
11. Koertge, Noretta (1986). ”Butch Imagens? 1956–86.? In Éticas Lésbicas. Vol. 2. No. 2.
p. 103.
12. Ibid. 
13. Austin, Paula (1992). ”Femme-inismo.? In Nestle, Joan (Ed.). O Desejo Persistente.
Boston: Publicação Alyson, p. 362.
14. Ibid. p. 363.
15. Ibid. p. 365.
16. Nestle, Joan (1992b). „My Woman Poppa.? p. 348.
17. Califia, Pat (1992b). „O Poema Femme.? p. 418. 
18. MacCowan, Lyndall (1992). ”Re-coletando Historia, Renomeando Vidas: Estigma Femme e a Feminista dos anos 
Setenta e Oitenta.? p. 309. In Nestle, Joan. p. 309.
19. Ibid. p. 311.
20. Loulan, JoAnn (1990). A Dança Erótica Lésbica. São Francisco: Spinsters. p. 193.
21. Ibid. p. 194. 
22. Bolen, Jean Shinoda citada em Loulan, JoAnn (1990). p. 17.
23. Ibid. p. 20.
24. Ibid. p. 29.
25. Ibid. p. 43.
26. Veja o capitulo ”A Invenção da Mulher Frígida? no meu livro (1985). A Celibatária e Seus Inimigos.
27. Citado em Loulan, JoAnn (1990). p. 98.
28. Ibid. p. 49.
29. Ibid. p. 50.
30. Wieringa, Saskia (1989). ”Uma Crítica Antropológica do Construcionismo:
Berdaches e Butches.? In Altman, Dennis et al (Eds.). Que Homossexualidade? p. 215. 
31. Loulan, JoAnn (1990). p. 48.
32. Ibid. p. 102.
33. Ibid. p. 102.
34. MacCowan, Lyndall (1992). p. 318.
35. Ibid. p. 323. 
36. Raymond, Janice G. (1986). Uma Paixão para Amigas: Relativo à Filosofia da Afeição Feminina. Londres: A 
Imprensa das Mulheres, p. 12. Boston: Beacon Imprensa.
37. Loulan, JoAnn (1990). p. 73.
38. Ibid. p. 76.
39. Veja meu capitulo (1989). ”Butch  e Femme: Agora e Depois?. No Grupo de História Lésbica (Eds.). Não é Uma 
Fase Passageira. Londres: A Imprensa das Mulheres. 
40. Mushroom, Merrill (1983). ”Confissões de uma Butch Dyke.? Vidas Comuns, Vidas Lésbicas. No. 9. p. 43.
41. Loulan, JoAnn (1990). p. 203.
42. Davis, Madeline (1992). ”Epilogo, Novo Anos Depois.? In Nestle, Joan (Ed.) p. 270.
43. Istar, Arlene (1992). ”Femme-Dyke.? In Nestle, Joan (Ed.) p. 382.
44. MacCowan, Lyndall (1992). p. 306. 
45. Ibid. p. 306.
46. Brown, Jan (1992). ”Sexo, Mentiras e Penetração: Uma Butch Finalmente “Admitem”.? Em Nestle, Joan (Ed.) p. 
411.
47. Nestle, Joan (1992). ”Minha Mulher Papai.? p. 350.
48. Califia, Pat (1992). ”Gênero Fode Gênero.? Em Nestle, Joan (Ed.) p. 423.
49. Ibid. p. 424.
50. Jan Brown (1992). p. 413.
51. Nestle, Joan (1992). ”Minha Mulher Papai.? p. 349.
52. Scarlet Woman (1992). ”Role Sobre Mim e Me Traga uma Rosa.? Em Nestle, Joan (Ed.).
O Desejo Persistente. p. 352. 
53. Brown, Jan (1992). p. 411.
54. Ibid. p. 412.
55. Ibid.
56. Franeta, Sonja (1992). ”Bridge Poem.? In Nestle, Joan (Ed.). The Persistent Desire.
p. 375.
57. Jo, Bev, Strega, Linda, and Ruston (1990). pp. 140–141. 
58. Ibid. p. 139.
59. Ibid. p. 157.
60. Ibid. p. 147.
61. Ibid. pp. 150–151.
62. Ibid. p. 163.