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O mito da “mulher negra raivosa“ (Angry Black Woman ou Sapphire)

”Mulheres queridas! Vai aqui mais uma desconstrução de um estereótipo da mulher negra:O mito da “mulher negra raivosa“ (Angry Black Woman ou Sapphire)

 

Como nós sabemos a branquitude usa vários estereótipos para descrever pessoas negras. Os estereótipos da mulher negra mais conhecidos no Brasil é o da Mãe-Preta e o da Mulata Sensual, mas há muito outros. Um pouco discutido e sem tradução equivalente ainda, é o mito da „Angry Black Woman“ (que eu optei por traduzir como „mulher negra raivosa“). Eu traduzi a introdução de um artigo do professor de Sociologia da Ferris State University, David Pilgrim:„Safira é retratada nas caricaturas como uma pessoa rude, barulhenta, rancorosa, cabeça-dura e autoritária. Esse é o estereótipo da „mulher negra raivosa“ popularizada na cinema e na televisão. Ela é maledicente e emasculadora (emascular: tirar ou negar a masculinidade), leva uma mão na cintura e com a outra aponta o dedo, ou tem os dois braços na cintura, enquanto balança a cabeça freneticamente. Vive zombando do homem negro, começando pela sua condição de desempregado, até a acusações de viver correndo atrás de mulheres brancas.“Do livro da Professora da Universidade de Tulane, Melissa Harris-Perry “Sister Citizen – Shame, Stereotypes and Black Women in America, ” Esse estereótipo não reconhece a raiva da mulher negra como uma reação legítima diante de circunstâncias injustas, ele é visto como um desejo patológico, irracional da mulher negra em controlar o homem negro, a família e a comunidade. Ele pode ser empregado contra mulheres negras que se atrevem a questionar injustiças, mal-tratos ou pedir ajuda. Tanto os patrulhadores da branquitude, quanto patriarcas negros costumam ignorar esses apelos femininos, acompanhados de rolar de olhos, balançar de cabeças ou dizeres como: “ihhh, já começou, a rancorosa“. As preocupações das mulheres negras são ignoradas e suas vozes silenciadas em nome da manutenção de uma conversa racional e saudável. A raiva delas não é compreendida como uma realidade psicológica, mas é vista através das lentes de uma ideologia que distorce as experiências vividas por essas mulheres negras. O estereótipo da „mulher negra raivosa“ são um fardo para nossas irmãs, que tem a impressão de não poderem ser convincentes ou enfáticas, enquanto defendem seus interesses em público, pois suas emoções e engajamento são erroneamente compreendidas como irracionais.“ ”