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PIV é sempre estupro ok?

Texto original: http://witchwind.wordpress.com/2013/12/15/piv-is-always-rape-ok/ Tradução: tradução: Jéssica Akemi
Nota da tradutora: TW: esta é uma tradução de um texto sobre piv = rape (sexo heterossexual = estupro). então, caso você seja heterossexual e não queira repensar isso ou você já tenha sido vítima de abuso sexual, considere sobre não ler.

PIV* sempre é estupro, ok?
* PIV = ‘’pênis in vagina’’, pênis na vagina, sexo heterossexual.

Apenas para lembrar um fato básico: Coito/ PIV é sempre estupro, claro e simples.
Está é uma recapitulação desenvolvida do que eu venho dizendo em vários comentários aqui e ali nos últimos dois anos ou mais. Como uma feminista radical eu sempre disse que PIV é estupro e eu lembro de ter me desapontado ao descobrir que poucas feministas radicais apresentaram isso claramente. Como é possível ver isso de outra forma? O coito é uma das muitas formas pelas quais os homens nos oprimem, da qual nos não temos permissão para escapar, como alguns casos de PIV e coito podem ser uma escolha e livre? Isso não faz qualquer sentido.
Primeiramente, bem, o coito nunca é sexo para as mulheres. Apenas os homens experimentam estupro como sexual e definem isso dessa forma. Sexo para homens é a penetração unilateral do pênis deles em uma mulher (ou qualquer outra coisa substituindo ou simbolizando o orifício feminino) quer ela pense que quer isso ou não – o que é a definição de estupro: que ele vai fazer de qualquer forma e que ele usa ela e trata ela como um receptáculo, em todas as circunstancias – não faz diferença para ele experimentar isso como sexual. Ou seja, no mínimo, homens usam as mulheres como objetos uteis e instrumentos para penetração, e mulheres são desumanizadas por este ato. Este é um ato de violência.
Como FCM apontou a algum tempo atrás, o coito é inerentemente prejudicial às mulheres e intencionalmente, porque isso causa a gravidez nas mulheres. O proposito dos homens praticarem o coito regularmente (mais de uma vez por mês) nas mulheres é porque este é o modo convicto de causar gravidez e forçar a fertilidade contra nossa vontade, e desse modo ganham controle sobre nossos poderes de reprodução. Não há modo de eliminar o risco de gravidez inteiramente do PIV e as práticas justificadas e de menores danos como a contracepção e aborto são inerentemente prejudiciais também. Danos reprodutivos do PIV alcançam da gravidez ao aborto, ter que tomar contracepção invasiva e tóxica, dar à luz, fertilidade forçada e criação e todas as complicações que vêm como eles, o que pode levar até a severos danos psicológicos e emocionais, inabilidade, desamparo, doença, ou morte. Se nós comparamos isso até a pior definição online de violência: ‘’comportamento envolvendo força física com intenção de machucar, prejudicar ou matar algum ou algo’’. Bingo. Isso encaixa: Gravidez = pode machucar, prejudicar ou matar. Coito = um homem usando sua força física para penetrar uma mulher. Intenção/propósito do ato do coito = causar gravidez. PIV é portanto um dano/violência intencional. Dano sexual intencional de um homem contra uma mulher através de penetração peniana = ESTUPRO.

Se nós olhamos o ato em mais detalhes (ignore esse parágrafo se não pode suportar isso), PIV é um homem montando em uma mulher para introduzir um largo membro dele dentro das partes mais intimas dela, frequentemente forçando ela a estar inteiramente nua, batendo-se contra ela com todo peso de seu corpo e quadris, sacudindo ela como ele encheria um cadáver, em seguida, usando ela como um receptáculo para seus dejetos penianos. Como é isso um modo civilizado, respeitoso de tratar qualquer um? Desculpa pela imagem explícita, mas é isso que é e isso é absolutamente revoltante e violador.
O termo ‘’vá se foder’’ não é um insulto a toa, os homens sabem porque – é a pior coisa que você pode fazer para um ser humano. Isso é extremamente um ato fisicamente invasivo, doloroso muito frequentemente, comumente no começo antes da dor, pode ser cortada pelo excitamento genital; causa todos os tipos de lágrimas, contusões, inchaços, desconfortos, DSTs, infecções vaginais, infecções urinárias, verrugas genitais, HIV e morte. Sem esquecer as adicionais intervenções sado-ginecológicas/custos da manutenção-PIV, e toda a mutilação física secundária e custos financeiros que vêm com nosso dever de nos fazer mais decorativas para o consumo sexual masculino – como remoção de pelos, maquiagem, fome ou alimentação forçada, corte ou deformação torturante da pele, etc.
O fato do coito causar tantas infecções e lágrimas e verrugas atesta a não naturalidade do coito, o que não devia ser. A função primária da vagina não é ser penetrada por um pênis mas ejetar um bebê que nasce. Há dois tecidos/esfíncteres pressionados um contra o outro para ajudar o bebê a ser empurrado para fora. A penetração do pênis na vagina é completamente desnecessária para a concepção.
Há uma razão para os homens precisarem nos adestrar nisso, e por este adestramento levar tanto tempo – e porque é tão grosseiramente violador e traumatizante que nós devemos nunca nos submeter ao coito. A única razão agora para que não nos sintamos estupradas ou tendo a impressão de que desejamos ou iniciamos PIV, é porque os homens quebraram nossas barreiras muito habilmente e progressivamente desde o nascimento, quebrando nossas defesas naturais para a dor e a invasão, nossa confiança em nossas próprias percepções e sensações de medo e desgosto que nos diz que a invasão sexual masculina é dolorosa, prejudicial e traumática.
Através de uma propaganda masculina penetrante e poderosa, eles enchem nossas mentes desde a infância com a ideia de que PIV é normal, desejável e erótico, antes de podermos ao menos conceber isso como algo apavorante, e ter certeza que nós jamais veremos outra alternativa para a mentira deles – ou se vermos, nós não poderemos mais assimilar a informação, somos punidas por pensar ou dizer de outro modo. O fato de não nos sentirmos imediatamente estuprada não significa que não é estupro, falando objetivamente. Para dar um exemplo clássico, muitas mulheres na prostituição não identificam o ato da prostituição como estupro, ao menos que o ato não seja pago. Isso não nos faz parar de dizer que toda prostituição é estupro. Nós sabemos que nossos sentimentos subjetivos ou pensamentos podem ser colonizados pelas perspectivas dos homens e como feministas radicais nós não deixamos isso passar e apagar a realidade objetiva da violência (PS- A razão porque APENAS a falta de pagamento é definida como estupro é porque a ofensa aqui não é contra a mulher prostituída mas o cafetão que foi privado de seu ordenado. Estupro vem de arrebatamento [rape-rapt], o que é uma velha palavra para o alcance de mulher-como-propriedade).
Por último, de um ponto de vista estrutural, como uma classe oprimida por homens, nós não estamos em qualquer posição de liberdade para negociar o que os homens nos fazem
coletivamente ou individualmente através da prisão heterossexual. Homens, aqueles que nos possuíram, colonizaram e mantiveram em cativeiro, são os agentes e organizadores exclusivos do PIV. Homens nos dominam precisamente, assim não podemos nos excluir do abuso sexual deles; o coito é o grande meio pelo qual os homens nos subordinam, o grande propósito da dominação deles, controlar a reprodução humana.