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privilégio

tradução de uma conversa sobre privilégio e sua definição:

Eu pensei que seria pertinente falar sobre o conceito de privilégio a partir de uma perspectiva feminista radical? O conceito de privilégio tem algum propósito útil no feminismo radical? E, se tem, em qual contexto?

■ Y. G. : Raça é uma forma.
■ E. A. : homens tem, mulheres não.
■ R. G. : Talvez ajude começar por definir o que queremos dizer por privilégio.
■ T. W. : Eu vejo privilégio como tentativa de fazer algo e não encontrar obstáculos sociais
que evitam que outras pessoas consigam sucesso ao tentar fazer a mesma coisa.
■ K. G.: Você pode por favor reconhecer que eu tenho tentado falar sobre que isso é a
coisa mais importante para nos agarrarmos…
■ F. D.: Então privilégio é um direito especial, ou uma isenção e benefício dados a alguns
e não a outros por definição ­algo que só uma pessoa em particular pode fazer. Eu acho que os conceitos de privilégio branco e de privilégio por ser homem são úteis, mas privilégio materno etc não são úteis ou teoricamente proveitoso. Não linka com as estruturas de poder completas na escada, e na real torna problemas como classe invisíveis. Então eu penso que devemos ser claras quanto ao que o privilégio está ligado, e para mim não é superior as estruturas de poder, ou senão somos todas pós­-estruturalistas. Um pouco cedo, mas esses são meus pensamentos iniciais.
■ K. G.: Privilégio de classe. Acesso à educação, acesso à cultura e “contatos” por meio
de laços por identificação de classe. Acesso a empregos e crescimento profissional.
Acesso a dinheiro.
■ L. G.: Eu concordo com a definição da F.D.. Eu também concordo que os chamados “privilégios” não são distinções úteis ou simplesmente não existem de fato. A palavra parece ser jogada quando alguém é diferente da outra pessoa de alguma forma, o que não significa que se tenha um direito especial ou isenção. Privilégio de ser mãe, privilégio “cis”, privilégio de ser alto (?), etc apenas nos dividem. E, honestamente, quando consideram­-se distinções importantes como raça e classe, essas outras 1 categorias obviamente não são tão importantes (privilégio de ser alto) ou de fato nem existem (privilégio de ser mãe).
■ K. G.: Privilégio é real. Privilégio em não ter deficiências físicas.. em não ter deficiências mentais. Reconhecer privilégio é sobre reconhecer as formas pelas quais as pessoas são marginalizadas e alienadas na sociedade. Controladas, contidas e abusadas com impunidade, por que estão sem poder algum e não podem representar a si mesmas. Então qualquer análise que invisibilize ainda mais ou assuma uma uniformidade é problemática e equivocada…Por exemplo, as jovens mulheres estupradas e assassinadas na India que não têm o menor reconhecimento por serem da casta Dali…
■ F. D.: Sim, esse privilégio de ser mãe que está flutuando pelo facebook nos últimos
tempos faz piada da análise dos sistemas de poderes que oprimem as mulheres em formas complexas. Honestamente, é tão desnecessário e desagregador. É como a baboseira trans do privilégio CIs. It vines frontage same place if not making the right distinctions.
■ L. G.: Eu concordo que privilégio é real. Eu acho que ser mais alta que as outras
mulheres e ter filhas/os não são privilégios. Sexo, raça, classe ­ esses deveriam ser o
foco.
■ R. G.: Sim, brigada Kate por dizer essas coisas, que nós precisamos entender a respeito disso.
■ Eu ainda estou pensando sobre isso, mas eu me pergunto se o conceito de privilégio é de alguma forma útil quando estamos falando sobre opressão estruturaI .
■ F. D.: Bom, está ligado à opressão com certeza, mas como um conceito usado em si é
complicado.
■ R.G.: Penso que concordaríamos que os exemplos concretos de como homens têm vidas melhores que as das mulheres, ou sobre como mulheres brancas têm vidas melhores que homens negros. nós reconhecemos que aquela opressão estrutural está operando. Mas eu questiono se privilégio é o conceio mais útil para entender estes problemas reais.
■ L. R.: Sexo, raça, classe e deficiência. Eu não gosto dos não ­genuínos como privilégio de ser mãe ou privilégio Cis, mas eu acho que deveríamos pensar as mulheres numa base individual. não necessariamente nomeando um milhão de privilégios, mas considerando suas circunstâncias individuais pra decidir se ela precisa de ajuda extra para participar de eventos ou similares. mas definitivamente precisa­se reconhecer os quatro que listei (sexo, raça, classe e deficiência).
■ L. R.: assim como a maior parte das coisas, o problema não está na teoria de privilégio,
mas a forma como foi distorcida pelo patriarcado. assim como todas as teorias são. como rejeitamos os aspectos negativos desa teoria enquanto nos seguramos aos positivos que ajudam muitas pessoas entenderem opressão. O problema é que não importa qual teoria criamos para entender a opressão, o patriarcado vai parasitar. O patriarcado é como um vírus. um vírus imita o seu hospedeiro e o patriarcado está tentando imitar os oprimidos por meio da criação de pseudo­-privilégios. privilégio materno e privilégio cis são pseudo­privilégios.
■ K. M.(…) Eu não acho que é uma ferramenta útil para análise. embora seja muito
apropriada em diversos momentos. o foco que sugiro é a análise estrutural por conta do quão pesado o feminismo radical é sobre comportamento individual e identidade na maior parte do tempo.

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[1] N.T.: Não sei se traduzi da melhor forma, a opção de tradução ‘pessoa fisicamente capaz’ me pareceu politicamente errada, assim optei por pessoa sem deficiência física, sem deficiência mental.